O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, assume seu terceiro mandato em meio a acusações de fraude e repressão à oposição.
10 de Janeiro de 2025 às 08h59

Maduro toma posse como ditador ilegítimo em meio a protestos e fraudes eleitorais

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, assume seu terceiro mandato em meio a acusações de fraude e repressão à oposição.

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, assume nesta sexta-feira (10) seu terceiro mandato consecutivo, em uma cerimônia marcada por protestos e alegações de fraude eleitoral. Desde que chegou ao poder em 2013, Maduro tem sido acusado de governar de forma autocrática, levando o país a uma crise econômica sem precedentes e a um êxodo de milhões de venezuelanos.

A posse de Maduro ocorre em um contexto de crescente repressão contra opositores, com a líder da oposição, María Corina Machado, sendo detida durante protestos em Caracas. Relatos indicam que ela foi forçada a gravar vídeos após ser interceptada por forças de segurança do regime, que dispararam armas de fogo contra manifestantes. O ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello, negou as acusações, chamando-as de “invenções”.

As eleições que garantiram a reeleição de Maduro em julho de 2024 foram amplamente contestadas. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou que Maduro obteve 51,2% dos votos, enquanto a oposição afirma que seu candidato, Edmundo González, teria conquistado pelo menos 67%. A falta de transparência e a não divulgação das atas eleitorais alimentam as suspeitas de manipulação do pleito.

Desde o anúncio da vitória de Maduro, a comunidade internacional, incluindo a União Europeia e países como Estados Unidos e Argentina, não reconheceram os resultados das eleições, classificando-as como fraudulentas. O Brasil, sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, também não reconheceu a legitimidade do pleito, mas não tomou medidas mais severas contra o regime.

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Maduro, que controla a Justiça e o CNE, tem sido alvo de críticas por sua postura repressiva. Estima-se que cerca de 1,8 mil prisioneiros políticos estejam encarcerados sob seu governo. A repressão se intensificou, com o governo venezuelano rompendo relações diplomáticas com vários países da América Latina após as eleições, e a presença de apenas alguns chefes de Estado na cerimônia de posse de hoje.

Durante os protestos, manifestantes exigiram a liberdade de expressão e a saída de Maduro, gritando palavras de ordem como “fora ditador”. A situação se agrava com a detenção de María Corina, que é vista como uma das principais vozes da oposição. Sua prisão foi condenada internacionalmente e considerada um sinal de fraqueza do regime, que teme a mobilização popular.

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se manifestou em apoio a Edmundo González, chamando-o de presidente eleito e afirmando que ele e Corina representam a vontade do povo venezuelano. A situação política na Venezuela continua tensa, com a possibilidade de um aumento na repressão à medida que Maduro se consolida no poder.

Com a posse de Maduro, a Venezuela se vê diante de um futuro incerto, marcado pela luta entre o regime e a oposição, que busca restaurar a democracia no país. A comunidade internacional observa atentamente os desdobramentos, enquanto a população venezuelana enfrenta uma realidade de crise e opressão.

A posse de Maduro, cercada por denúncias de fraude e repressão, não apenas perpetua a crise política na Venezuela, mas também levanta questões sobre a legitimidade de seu governo e a resposta da comunidade internacional diante de um regime que ignora os direitos humanos e a vontade popular.

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