Brasil endossa ditadura venezuelana ao enviar embaixadora para posse de Maduro
O governo brasileiro confirma presença da embaixadora Glivânia Oliveira na posse de Maduro, mesmo após denúncias de fraude eleitoral.
O governo brasileiro, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decidiu manter a presença da embaixadora Glivânia Oliveira na cerimônia de posse de Nicolás Maduro, marcada para esta sexta-feira (10) em Caracas. A decisão ocorre em meio a um clima de tensão política e denúncias de fraude eleitoral que envolvem o regime chavista.
A presença da embaixadora é vista como um endosse tácito ao governo de Maduro, que é amplamente considerado uma ditadura pela oposição e pela comunidade internacional. A escolha de enviar Glivânia Oliveira, que representa o Brasil na Venezuela, foi justificada pelo governo como uma tentativa de manter canais diplomáticos abertos, apesar das controvérsias que cercam o processo eleitoral.
O cenário político na Venezuela se agravou recentemente com o sequestro e a subsequente libertação de María Corina Machado, uma das principais líderes da oposição. O governo brasileiro, segundo fontes do Palácio do Planalto, acredita que a presença da embaixadora pode ajudar a demonstrar um distanciamento do regime, especialmente após Maduro se recusar a fornecer as atas eleitorais solicitadas por Brasília.
As eleições de julho, que resultaram na reeleição de Maduro, foram alvo de críticas e desconfiança, tanto por parte da oposição quanto de diversas nações. A falta de transparência no processo eleitoral, somada à ausência de documentos que comprovem a contagem dos votos, alimenta as suspeitas de irregularidades. Enquanto o chavismo alega que 80% das atas divulgadas pela oposição são falsificadas, a oposição apresenta evidências que indicariam uma vitória de Edmundo González, ex-diplomata e aliado de Machado, com quase 70% dos votos.
O Ministério Público venezuelano abriu uma investigação contra González por suposta usurpação de funções do poder eleitoral, em decorrência da divulgação das atas. Após ser intimado e ter um mandado de prisão emitido contra ele, González buscou asilo na Espanha em setembro.
A repressão política na Venezuela tem se intensificado, com relatos de que mais de 2.400 opositores foram presos e 24 morreram desde o início do processo eleitoral, conforme organizações de direitos humanos. A situação crítica do país e as ações do governo de Maduro têm gerado preocupações sobre o futuro da democracia na Venezuela.
O assessor especial da presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim, comentou sobre a decisão de enviar a embaixadora, afirmando que o Brasil “cumpre o rito democrático de relação entre Estados”. Ele ressaltou que a presença de Glivânia Oliveira em Caracas é uma forma de manter a diplomacia ativa, mesmo em tempos de crise.
Apesar das controvérsias, o governo brasileiro não pretende romper relações com a Venezuela. A estratégia é manter um diálogo aberto, considerando a importância do país vizinho em termos de território e população. O Itamaraty, portanto, busca um equilíbrio entre a crítica ao regime de Maduro e a manutenção das relações diplomáticas.
A cerimônia de posse de Maduro está marcada para ocorrer na Assembleia Nacional em Caracas, às 13h, no horário de Brasília. Após o juramento e a apresentação da faixa presidencial, Maduro deve fazer um discurso à nação, em um momento que promete ser tanto de celebração para seus apoiadores quanto de protesto para a oposição.
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