O governo brasileiro confirma presença da embaixadora Glivânia Oliveira na posse de Maduro, mesmo após denúncias de fraude eleitoral.
10 de Janeiro de 2025 às 09h24

Brasil endossa ditadura venezuelana ao enviar embaixadora para posse de Maduro

O governo brasileiro confirma presença da embaixadora Glivânia Oliveira na posse de Maduro, mesmo após denúncias de fraude eleitoral.

O governo brasileiro, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decidiu manter a presença da embaixadora Glivânia Oliveira na cerimônia de posse de Nicolás Maduro, marcada para esta sexta-feira (10) em Caracas. A decisão ocorre em meio a um clima de tensão política e denúncias de fraude eleitoral que envolvem o regime chavista.

A presença da embaixadora é vista como um endosse tácito ao governo de Maduro, que é amplamente considerado uma ditadura pela oposição e pela comunidade internacional. A escolha de enviar Glivânia Oliveira, que representa o Brasil na Venezuela, foi justificada pelo governo como uma tentativa de manter canais diplomáticos abertos, apesar das controvérsias que cercam o processo eleitoral.

O cenário político na Venezuela se agravou recentemente com o sequestro e a subsequente libertação de María Corina Machado, uma das principais líderes da oposição. O governo brasileiro, segundo fontes do Palácio do Planalto, acredita que a presença da embaixadora pode ajudar a demonstrar um distanciamento do regime, especialmente após Maduro se recusar a fornecer as atas eleitorais solicitadas por Brasília.

As eleições de julho, que resultaram na reeleição de Maduro, foram alvo de críticas e desconfiança, tanto por parte da oposição quanto de diversas nações. A falta de transparência no processo eleitoral, somada à ausência de documentos que comprovem a contagem dos votos, alimenta as suspeitas de irregularidades. Enquanto o chavismo alega que 80% das atas divulgadas pela oposição são falsificadas, a oposição apresenta evidências que indicariam uma vitória de Edmundo González, ex-diplomata e aliado de Machado, com quase 70% dos votos.

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O Ministério Público venezuelano abriu uma investigação contra González por suposta usurpação de funções do poder eleitoral, em decorrência da divulgação das atas. Após ser intimado e ter um mandado de prisão emitido contra ele, González buscou asilo na Espanha em setembro.

A repressão política na Venezuela tem se intensificado, com relatos de que mais de 2.400 opositores foram presos e 24 morreram desde o início do processo eleitoral, conforme organizações de direitos humanos. A situação crítica do país e as ações do governo de Maduro têm gerado preocupações sobre o futuro da democracia na Venezuela.

O assessor especial da presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim, comentou sobre a decisão de enviar a embaixadora, afirmando que o Brasil “cumpre o rito democrático de relação entre Estados”. Ele ressaltou que a presença de Glivânia Oliveira em Caracas é uma forma de manter a diplomacia ativa, mesmo em tempos de crise.

Apesar das controvérsias, o governo brasileiro não pretende romper relações com a Venezuela. A estratégia é manter um diálogo aberto, considerando a importância do país vizinho em termos de território e população. O Itamaraty, portanto, busca um equilíbrio entre a crítica ao regime de Maduro e a manutenção das relações diplomáticas.

A cerimônia de posse de Maduro está marcada para ocorrer na Assembleia Nacional em Caracas, às 13h, no horário de Brasília. Após o juramento e a apresentação da faixa presidencial, Maduro deve fazer um discurso à nação, em um momento que promete ser tanto de celebração para seus apoiadores quanto de protesto para a oposição.

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