'Todos sabemos quem é o presidente eleito', afirma Corina Machado sobre Maduro
A líder da oposição, María Corina Machado, reafirma que Edmundo Gonzáles Urrutia é o verdadeiro presidente da Venezuela.
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, expressou sua convicção de que Edmundo Gonzáles Urrutia assumirá a presidência do país. Em uma entrevista recente, ela declarou: “Todos sabemos quem é o presidente eleito”, referindo-se à vitória de Gonzáles Urrutia nas eleições de 28 de julho do ano passado, que segundo ela, foi usurpada pelo atual presidente, Nicolás Maduro, para garantir um terceiro mandato.
Corina, que atualmente vive na clandestinidade, enfatizou que o regime de Maduro está se tornando cada vez mais isolado. “Ao regime o único que resta é o medo”, afirmou. “Eles já não têm mais, perderam todo o apoio popular, perderam toda a legitimidade e estão absolutamente isolados [...] O medo que é insuperável é o do regime, que sabe que já foi derrotado.”
A data da posse presidencial de Maduro está marcada para 10 de janeiro, quando ele deverá comparecer ao Parlamento, dominado por sua base chavista, para prestar juramento e iniciar seu novo mandato, que se estenderá até 2031. Em contrapartida, Gonzáles Urrutia anunciou que retornará à Venezuela no mesmo dia para assumir o poder.
“Um dia de cada vez”, disse Corina Machado, ressaltando que “Edmundo Gonzáles Urrutia prestará juramento no dia correspondente na Venezuela.” Após receber asilo político na Espanha, o opositor tem realizado uma série de encontros internacionais, incluindo uma reunião com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e está previsto que visite Panamá e República Dominicana em breve.
Corina Machado também comentou sobre a atual situação do regime, afirmando que “se houvesse alguma racionalidade, um mínimo de racionalidade, o regime de Maduro teria iniciado um processo de aceitação dessa realidade de transição porque, a cada dia que passa, suas chances de negociação diminuem, e não melhoram.”
Desde que passou para a clandestinidade em agosto, após receber ameaças de morte, Corina convocou manifestações para quinta-feira, um teste crucial para a oposição, que tem enfrentado uma repressão severa desde a reeleição de Maduro, que resultou em 28 mortes e quase 200 feridos, além de mais de 2.400 detenções.
“Nós venezuelanos sabemos: se todos sairmos, milhões, como podem algumas centenas ou milhares de pessoas armadas [avançar] contra 30 milhões de venezuelanos? E, ao final, a única forma de ser livre é vencendo o medo”, insistiu Corina.
Questionada sobre o medo de ser presa, ela respondeu: “Eu não perderia por nada no mundo esse dia histórico. Se algo acontecer comigo, a instrução é bastante clara [...], ninguém vai negociar a liberdade da Venezuela pela minha liberdade.”
Diferente de Gonzáles Urrutia, que tem um mandado de prisão e uma recompensa de 100 mil dólares por informações que levem à sua captura, Corina Machado não enfrenta tal situação. “Eu me pergunto por que não oferecem nada por mim, não parece um pouco discriminatório?”, ironizou.
A oposição tem feito apelos às Forças Armadas para que reconheçam Gonzáles Urrutia como o vencedor das eleições e futuro “comandante em chefe”. No entanto, o alto escalão militar reafirmou sua lealdade a Maduro, que tem concedido amplos poderes aos militares.
Corina Machado observou que “nos últimos meses, vimos como mais e mais cidadãos militares resistem a reprimir um povo desarmado”. Ela pediu que aqueles que estão sendo ameaçados para atirar contra as pessoas “simplesmente baixem as armas”, ressaltando que “esses poucos que podem estar se beneficiando” do poder “sabem que este é um sistema que não é sustentável”.
Além disso, a líder opositora afirmou que “muitos” integrantes do governo têm buscado aproximação com a oposição para negociar, “em muitos níveis”. “Todas estas ameaças e este uso de armas, e esta linguagem obscena e agressiva são dirigidas àqueles que eles sabem que estão dispostos a deixar o regime neste momento”, concluiu.
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