Governo britânico tipifica crime para punir a produção de imagens íntimas sem consentimento, visando proteger mulheres.
07 de Janeiro de 2025 às 10h18

Reino Unido aprova nova lei contra criação de 'deepfakes' de caráter sexual

Governo britânico tipifica crime para punir a produção de imagens íntimas sem consentimento, visando proteger mulheres.

O governo do Reino Unido anunciou, nesta terça-feira (7), a aprovação de uma nova legislação que criminaliza a criação de imagens de caráter sexual geradas por inteligência artificial (IA). A medida visa proteger as mulheres, que são as principais vítimas desse tipo de crime.

De acordo com o novo regulamento, qualquer pessoa que capture fotos ou vídeos íntimos sem o consentimento da outra parte, ou que instale dispositivos para registrar essas imagens em locais como vestiários ou banheiros, poderá enfrentar uma pena de até dois anos de prisão.

Embora o compartilhamento de imagens íntimas, incluindo os chamados “deepfakes” criados por IA, já seja proibido no Reino Unido desde 2023, a criação dessas imagens ainda não era considerada crime, exceto em situações específicas, como a captura de fotos por baixo da saia de uma mulher.

Alex Davies-Jones, secretária de Estado para as Vítimas, reconheceu em entrevista à emissora Sky News que a legislação anterior apresentava “lacunas” e que era necessário ampliá-la e “esclarecê-la” para garantir uma proteção mais eficaz às vítimas.

“Uma em cada três mulheres britânicas é vítima do compartilhamento de imagens íntimas, frequentemente denominado 'pornografia de vingança'. Isso é horrível e torna as mulheres vulneráveis e intimidadas. Portanto, aqueles que cometem esse crime merecem sentir todo o peso da lei”, afirmou Davies-Jones.

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A proliferação de ferramentas de IA de baixo custo, como aplicativos de edição de fotos que permitem manipulações como despir mulheres, tem contribuído para o aumento da publicação de imagens sem o consentimento das vítimas.

Margaret Jones, secretária de Estado da Tecnologia, também alertou que as empresas de tecnologia devem agir. “As plataformas que hospedarem esse tipo de conteúdo estarão sujeitas a uma supervisão mais rigorosa e a sanções significativas”, enfatizou.

Entre as vítimas de sites pornográficos “deepfake” estão pelo menos 30 políticos britânicos, incluindo a vice-primeira-ministra Angela Rayner, conforme uma investigação da emissora Channel 4 divulgada no ano passado.

O governo trabalhista, que assumiu o poder em julho de 2024, prometeu reduzir pela metade a violência contra mulheres e meninas em um prazo de dez anos. Em resposta a essa promessa, a coalizão de organizações feministas britânicas, conhecida como EVAW (End Violence Against Women), pressionou o governo a estabelecer um cronograma para a implementação dessas novas infrações no código penal.

“Atrasar essa implementação apenas colocará em risco mulheres e meninas”, afirmou Rebecca Hitchen, uma das líderes da organização.

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