“Aqui só tem eu, Moreira e o demônio”, diz GCM que matou secretário-adjunto de Osasco
O Guarda Civil Municipal Henrique Marival de Souza, preso por matar Adilson Custódio Moreira, afirmou que estava com o 'demônio' após o crime.
“Aqui só tem eu, Moreira e o demônio”. Essa frase macabra foi proferida pelo Guarda Civil Municipal (GCM) Henrique Marival de Souza, que está preso após atirar e matar o secretário-adjunto de Segurança de Osasco, Adilson Custódio Moreira. O crime ocorreu em um prédio da prefeitura, em um momento de tensão que culminou em tragédia.
O incidente aconteceu na última segunda-feira (6), durante uma reunião entre membros da Guarda Civil e o secretário-adjunto, que estava comunicando mudanças na equipe de segurança pessoal da prefeitura. Segundo relatos, Marival ficou “inconformado” com a alteração em sua escala de trabalho, que o afastaria da equipe que protegia a primeira-dama de Osasco.
De acordo com o comandante da GCM, Erivan Gomes, Marival estava em um estado de “desequilíbrio emocional” no momento do crime. Ele havia passado por exames psicotécnicos, obrigatórios para todos os guardas a cada dois anos, e estava “em dia” com as avaliações. Contudo, a pressão da mudança de funções parece ter desencadeado uma reação extrema.
Após os disparos, Marival se trancou na sala com o secretário-adjunto, criando barricadas para impedir a entrada de outros. O inspetor da GCM, que foi o primeiro a tentar negociar a rendição do guarda, relatou que pediu provas de que Moreira estava bem, mas não obteve resposta. O ambiente estava “todo em silêncio”, o que levantou suspeitas sobre a condição do secretário.
O inspetor também mencionou que, ao tentar dialogar com Marival, ele pediu um vídeo de Moreira, momento em que o guarda disparou a frase que se tornaria emblemática. “Como eu não ouvia nenhuma fala, já tinha certeza que ou o Moreira estava em óbito, ou estava ferido, sangrando, perdendo sangue e perdendo a consciência”, afirmou o inspetor.
O clima na reunião antes do crime era amistoso, e o secretário-adjunto, conhecido por sua postura respeitosa, estava ouvindo queixas e discutindo ajustes de funções. No entanto, a situação se deteriorou rapidamente quando Marival questionou as mudanças e, em um momento de descontrole, disparou contra Moreira.
Após o crime, Marival se entregou à polícia por volta das 19h30, após cerca de duas horas de negociações. Ele foi levado ao 5º Distrito Policial de Osasco, onde foi indiciado por homicídio. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo lamentou a morte de Adilson Custódio Moreira, que havia sido um servidor público dedicado ao município.
Adilson Custódio Moreira, o secretário-adjunto, tinha uma longa trajetória na administração pública de Osasco. Natural de Jequitinhonha, Minas Gerais, ele se mudou para a cidade paulista em 1988 e, desde então, construiu uma carreira sólida na Guarda Civil, onde chegou a ocupar o cargo de secretário de Segurança antes de se tornar adjunto.
O caso levanta questões sobre a saúde mental dos profissionais de segurança pública e a necessidade de um suporte psicológico adequado para lidar com a pressão do trabalho. O comandante da GCM afirmou que a corporação possui um setor psicossocial, mas a tragédia evidencia a urgência de se aprofundar nas questões emocionais que afetam os agentes.
O crime chocou a cidade de Osasco e reacendeu o debate sobre a segurança pública e a atuação das guardas civis, que têm enfrentado críticas sobre o uso de armamentos letais e a formação de seus agentes. A situação exige uma reflexão sobre como prevenir que tragédias como essa se repitam no futuro.
Veja também: