Walter Vieira, sócio do laboratório envolvido, reassume função na Secretaria de Saúde de Nova Iguaçu.
07 de Janeiro de 2025 às 15h14

Escândalo de transplantes: médico retorna ao cargo após contaminação com HIV

Walter Vieira, sócio do laboratório envolvido, reassume função na Secretaria de Saúde de Nova Iguaçu.

O médico Walter Vieira, de 61 anos, sócio do laboratório PCS Lab Saleme, que se tornou alvo de um escândalo nacional por ter realizado transplantes de órgãos contaminados com HIV, retornará às suas atividades na Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu. A decisão foi oficializada na última segunda-feira (6) e publicada no Diário Oficial do município.

Walter Vieira, que é servidor público desde 2009, ocupava o cargo de presidente do Comitê Gestor de Vigilância e Análise do Óbito Materno Infantil e Fetal, função que exercia de forma não remunerada. Ele foi afastado de suas atividades após a repercussão do caso, que chocou a sociedade e levantou sérias questões sobre a segurança dos transplantes realizados no estado do Rio de Janeiro.

Na publicação oficial, a Prefeitura de Nova Iguaçu informou que acolheu o pedido de retorno de Walter Vieira ao cargo de médico ginecologista e obstetra. No entanto, não foram esclarecidos detalhes sobre sua nova função ou se ele voltará a atuar no Comitê Gestor.

Em novembro do ano passado, o último salário registrado de Walter foi de R$ 7.278,44. A prefeitura destacou que, conforme a legislação, o servidor pode solicitar seu retorno, uma vez que não houve julgamento ou condenação em relação ao caso que o envolve.

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O escândalo teve início em outubro do ano passado, quando foi confirmado que seis pacientes receberam transplantes de órgãos infectados com HIV. O laboratório PCS Lab Saleme, situado em Nova Iguaçu, foi o responsável pelos exames que resultaram em falsos negativos para a presença do vírus. O laboratório é de propriedade de sócios que são parentes do ex-secretário estadual de Saúde e deputado federal Dr. Luizinho, que sempre negou qualquer envolvimento com a empresa.

Seis pessoas foram denunciadas e presas em decorrência do erro nos exames que possibilitaram os transplantes. Embora tenham recebido habeas corpus em dezembro, elas respondem ao processo em liberdade. As investigações apontaram que a busca por economia no controle de qualidade dos exames foi um dos fatores que contribuíram para a tragédia.

Os sócios do laboratório alegaram inicialmente que a responsabilidade pelos erros era dos funcionários, mas posteriormente mudaram a versão, afirmando que os problemas poderiam ter sido causados pela “janela imunológica” da infecção nos doadores. Essa mudança de narrativa gerou ainda mais desconfiança sobre a conduta do laboratório e de seus responsáveis.

As investigações do Ministério Público e sindicâncias da Secretaria Estadual de Saúde e do Ministério da Saúde continuam a apurar possíveis irregularidades e favorecimentos na contratação do laboratório. O caso levantou um alerta sobre a necessidade de revisão dos procedimentos de segurança nos transplantes realizados no Brasil.

O retorno de Walter Vieira ao cargo de médico na prefeitura de Nova Iguaçu ocorre em um momento delicado, em que a confiança da população nos serviços de saúde e transplantes está abalada. A sociedade aguarda respostas e medidas efetivas para garantir a segurança dos pacientes e evitar que situações semelhantes voltem a ocorrer no futuro.

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