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Aumento de casos de HMPV na China gera preocupações, mas especialistas minimizam riscos
Metapneumovírus humano é um patógeno conhecido e não representa ameaça como a Covid-19, afirmam médicos
Nas últimas semanas, a China tem registrado um aumento significativo nos casos de infecções respiratórias causadas pelo metapneumovírus humano, conhecido como HMPV. Essa situação gerou alarme entre a população, evocando lembranças do início da pandemia de Covid-19. No entanto, especialistas em saúde pública afirmam que a situação atual é bem diferente e não apresenta os mesmos riscos.
O HMPV, que foi identificado pela primeira vez em 2001, é um vírus que circula sazonalmente e é responsável por infecções respiratórias, especialmente em crianças e idosos. Embora os sintomas possam variar de leves a moderados, como tosse, febre e congestão nasal, em casos mais graves, pode levar a complicações como bronquite e pneumonia.
De acordo com a professora Helena Lage Ferreira, da Universidade de São Paulo, o HMPV é um patógeno comum que já circula entre a população há décadas. “O HMPV é frequentemente encontrado durante o inverno e está associado a infecções respiratórias, inclusive aqui no Brasil”, explica a especialista.
As autoridades de saúde da China têm monitorado a situação e negaram rumores de que os hospitais estariam sobrecarregados. Em uma coletiva de imprensa, Kan Biao, diretor do Instituto de Doenças Infecciosas da China, afirmou que os casos estão aumentando, especialmente entre crianças de 14 anos ou menos, mas enfatizou que o HMPV é um vírus conhecido e não representa uma grande preocupação.
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Os médicos alertam que, apesar do aumento nos casos, a maioria das infecções por HMPV é leve e muitas vezes não é diagnosticada, pois os sintomas são semelhantes aos de outras doenças respiratórias. “As características clínicas são muito difíceis de distinguir de outras doenças virais, e não testamos rotineiramente para o HMPV como fazemos para Covid, gripe ou VSR”, comenta Leigh Howard, professora associada de doenças infecciosas pediátricas.
Embora não exista uma vacina específica para o HMPV, especialistas recomendam que a população mantenha a imunização em dia contra a gripe sazonal e o SARS-CoV-2, pois essas vacinas podem ajudar a prevenir infecções. Além disso, as medidas de prevenção que se tornaram comuns durante a pandemia, como higienização das mãos e uso de máscaras em locais aglomerados, continuam sendo eficazes para evitar a transmissão do HMPV.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também se manifestou sobre a situação, afirmando que não há motivo para alarme. Margaret Harris, porta-voz da OMS, destacou que o aumento nos casos de infecções respiratórias é esperado nesta época do ano, especialmente no inverno do Hemisfério Norte.
Os dados oficiais da China mostram que os casos de HMPV vêm aumentando desde meados de dezembro, tanto em atendimentos ambulatoriais quanto em emergências. As autoridades de saúde do país estão estabelecendo um sistema de monitoramento para pneumonia de origem desconhecida, que incluirá procedimentos para relatar casos e gerenciar a situação.
Em meio a essa situação, a população é aconselhada a manter a calma e seguir as orientações de saúde pública, evitando o uso indiscriminado de medicamentos antivirais e adotando práticas de higiene para prevenir a propagação do vírus.
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