Pesquisa aponta que 24% da fauna aquática enfrenta riscos devido à poluição e mudanças climáticas
08 de Janeiro de 2025 às 14h36

Estudo revela que um quarto das espécies de água doce está ameaçado de extinção

Pesquisa aponta que 24% da fauna aquática enfrenta riscos devido à poluição e mudanças climáticas

Um estudo recente publicado na revista científica Nature aponta que cerca de 24% das espécies de água doce estão ameaçadas de extinção. Essa pesquisa, que abrangeu uma análise detalhada de 23.496 espécies, revela um panorama alarmante sobre a biodiversidade aquática, que inclui peixes, crustáceos e insetos.

As águas doces, que representam menos de 1% da superfície terrestre, abrigam mais de 10% de todas as espécies conhecidas, sendo fundamentais para a subsistência de bilhões de pessoas. No entanto, a degradação desses ecossistemas é crescente, com as principais ameaças identificadas como poluição, construção de barragens, práticas agrícolas intensivas e a introdução de espécies invasoras.

O estudo, liderado pela bióloga Catherine Sayer, do Cambridge Conservation Initiative, destaca que os decápodes, grupo que inclui camarões, lagostins e caranguejos, são os mais afetados, com 30% de suas espécies em risco. Os peixes de água doce também estão em situação crítica, com 26% das espécies ameaçadas, enquanto os odonatos, como as libélulas, apresentam 16% de risco de extinção.

Desde o ano 1500, 89 espécies de água doce foram confirmadas como extintas, e outras 178 são suspeitas de terem desaparecido. Os pesquisadores alertam que a situação é preocupante e que é urgente implementar mudanças nas práticas de gestão da água doce, levando em consideração a biodiversidade.

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O estudo também revela que 54% das espécies ameaçadas sofrem com a poluição, 39% são impactadas por barragens e extração de água, 37% enfrentam mudanças no uso da terra devido à agricultura, e 28% são afetadas por espécies invasoras e doenças. Além disso, cerca de 20% das espécies ameaçadas também são vulneráveis às mudanças climáticas e fenômenos meteorológicos extremos.

A maioria das espécies ameaçadas (84%) enfrenta múltiplas ameaças, o que torna a situação ainda mais complexa. O declínio da biodiversidade aquática é frequentemente imperceptível, mas as zonas úmidas, que já perderam 35% de sua área entre 1970 e 2015, continuam a se deteriorar.

Das zonas úmidas que ainda existem, 65% enfrentam ameaças moderadas a elevadas, e 37% dos rios com mais de 1.000 km têm seus cursos naturais interrompidos. O estudo ressalta que os ecossistemas de água doce não têm recebido a mesma prioridade em pesquisas que os ecossistemas marinhos e terrestres, o que agrava a crise de biodiversidade.

Os autores do estudo enfatizam que a conservação da fauna de água doce é essencial para a saúde dos ecossistemas e a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Para reverter essa tendência alarmante, é necessário um esforço conjunto para implementar políticas ambientais eficazes que considerem as especificidades locais e regionais.

O levantamento realizado pelos cientistas foi complexo e exigiu um conhecimento profundo de cada habitat estudado. A análise conclui que a proteção das espécies de água doce deve ser uma prioridade nas agendas de conservação, uma vez que sua biodiversidade é vital para a sustentabilidade ambiental e o bem-estar humano.

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