
Vice-presidente do PT defende irmãos Brazão e gera polêmica no partido
Washington Quaquá expressa apoio à família de Domingos Brazão, acusado de envolvimento no assassinato de Marielle Franco
O vice-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) e prefeito de Maricá, Washington Quaquá, causou controvérsia ao publicar uma foto nas redes sociais com a esposa e os filhos de Domingos Brazão, que é réu no processo que investiga o assassinato da vereadora Marielle Franco. A postagem, realizada na quinta-feira (9), gerou reações imediatas, especialmente da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada.
Na imagem, Quaquá expressou sua solidariedade à família de Brazão, afirmando que recebeu a esposa e os filhos “com muita dor no coração, mas muita consideração e solidariedade”. O político também defendeu a inocência de Domingos e de seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão, ambos acusados de serem os mandantes do crime.
“Eu quero afirmar o que já afirmei diversas vezes, porque não só conheço Domingos e Chiquinho Brazão, mas, além disso, li todo o processo e não há sequer uma prova contra eles!”, declarou Quaquá em sua postagem.
A ministra Anielle Franco, por sua vez, não hesitou em criticar a posição do vice-presidente do PT. Ela anunciou que acionará a Comissão de Ética do partido para investigar a postura de Quaquá, considerando-a desrespeitosa em relação à memória de sua irmã. “Inacreditável, depois de tudo que a gente passou, ver pessoas se aproveitarem e usarem o nome da minha irmã sem qualquer responsabilidade”, lamentou Anielle.


A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também se manifestou sobre o assunto, repudiando as declarações de Quaquá. Ela ressaltou que o partido sempre lutou para que a justiça fosse feita em relação ao assassinato de Marielle e Anderson Gomes, motorista que estava com ela no momento do crime. Gleisi afirmou que as manifestações do prefeito de Maricá são de caráter exclusivamente pessoal e não refletem a posição do partido.
Os irmãos Brazão estão presos desde março de 2024, acusados de serem os mandantes do assassinato de Marielle Franco, um caso que chocou o Brasil e gerou uma série de investigações. O ex-policial militar Ronnie Lessa, que confessou ter executado a vereadora, firmou um acordo de delação premiada no qual apontou os irmãos como os responsáveis pela ordem de execução.
Quaquá, em sua defesa, afirmou que a família Brazão está sendo usada como “bucha de canhão” para desviar a atenção de outros aspectos da investigação. Ele criticou a condução do caso, sugerindo que a atenção deveria estar voltada para outros envolvidos no crime, incluindo a presença de Lessa em locais relacionados a figuras políticas proeminentes.
O clima de tensão dentro do PT se intensifica, com a divisão entre os que apoiam a defesa dos irmãos Brazão e aqueles que exigem uma postura mais firme em relação ao caso de Marielle. A situação levanta questões sobre a ética e a responsabilidade dos membros do partido em relação a um crime que ainda clama por justiça.
Enquanto isso, a família de Marielle Franco continua a lutar por justiça, enfrentando a dor da perda e a luta constante para que os responsáveis pelo assassinato de sua ente querida sejam punidos. A ministra Anielle Franco reafirmou seu compromisso em buscar justiça e pediu que o nome de sua irmã não seja utilizado de forma leviana por aqueles que não compreendem a gravidade da situação.
Veja também: