Dólar sobe com IPCA e expectativa pelo relatório de empregos dos EUA
A valorização da moeda americana é contida pelo avanço do petróleo e do minério de ferro na China.
O dólar opera em alta no mercado à vista nesta sexta-feira, acompanhando os ganhos observados em outros mercados emergentes e refletindo o aumento dos juros futuros. Investidores estão atentos à divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referente a dezembro, que apresentou um avanço de 0,52%, após uma alta de 0,39% em novembro. Este resultado, embora próximo das expectativas do mercado, reforça a preocupação com a inflação no Brasil.
Às 9h42, a cotação do dólar à vista subia 0,21%, alcançando R$ 6,0542, enquanto o dólar futuro para fevereiro registrava um aumento de 0,31%, cotado a R$ 6,0765. No início do pregão, a moeda americana chegou a cair para R$ 6,0327, uma desvalorização de 0,15%, mas a tendência de alta prevaleceu ao longo do dia.
A alta do dólar é contida, em parte, pelo aumento de mais de 3% no preço do petróleo e pela valorização de 0,4% do minério de ferro na China, que atraíram fluxo comercial e ajudaram a limitar a queda da moeda americana nos primeiros negócios do dia.
O IPCA acumulado para o ano de 2024 foi de 4,83%, superando o teto da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 4,50%. Apesar disso, o resultado ficou levemente abaixo da mediana das previsões do mercado, que era de 4,84%. As projeções variavam entre 4,59% e 4,94%.
A difusão do IPCA, que mede a proporção de itens que tiveram aumento de preços, atingiu 69% em dezembro, um aumento significativo em relação aos 57,8% registrados em novembro. Essa informação foi destacada pelo economista da Terra Investimentos, Homero Guizzo, que ressaltou a pressão inflacionária sobre a economia.
Os investidores também aguardam ansiosamente o relatório de empregos dos Estados Unidos, conhecido como payroll, que será divulgado às 10h30 (horário de Brasília). A expectativa é de que a economia americana tenha criado cerca de 150 mil empregos em dezembro, uma desaceleração em relação aos 227 mil postos de trabalho gerados em novembro.
Alberto Musalem, presidente do Federal Reserve de Saint Louis, comentou sobre a necessidade de cautela nas futuras reduções da taxa de juros pelo banco central americano, considerando as mudanças nas perspectivas econômicas. “Os dados econômicos vieram mais fortes e os números da inflação foram impressos acima do desejado. Então, mudei minha avaliação”, afirmou Musalem, que defendeu uma abordagem mais gradual nas reduções.
Ele também destacou que o mercado de trabalho dos Estados Unidos está em boa forma e deve ser “observado cuidadosamente”. Musalem ainda alertou que é prematuro afirmar como o Fed poderá ajustar sua posição em relação à taxa de juros, especialmente se o presidente eleito americano, Donald Trump, continuar a ameaçar a imposição de novas tarifas que poderiam elevar os preços de bens e serviços de consumo.
Com a inflação pressionando as expectativas, o mercado financeiro se mantém em alerta, aguardando os próximos passos do Federal Reserve e as implicações para a política monetária americana e brasileira.
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