Antônio Martins dos Santos Filho, conhecido como Nero do Piseiro, confessou envolvimento em ataque que deixou mortos e feridos.
12 de Janeiro de 2025 às 12h46

Nero do Piseiro é preso por suspeita de chefiar ataque ao MST em Tremembé

Antônio Martins dos Santos Filho, conhecido como Nero do Piseiro, confessou envolvimento em ataque que deixou mortos e feridos.

São Paulo — Antônio Martins dos Santos Filho, popularmente conhecido como “Nero do Piseiro”, foi detido pela Polícia Civil de São Paulo no último sábado (11) sob a acusação de ser o mentor do ataque a um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Tremembé, interior paulista. O incidente resultou na morte de duas pessoas e deixou outras seis feridas.

De acordo com as investigações, Nero, de 41 anos, teria organizado e participado da ação violenta, que ocorreu em um contexto de disputa por terras no assentamento. O delegado Marcos Ricardo Parra, da Delegacia Seccional de Taubaté, afirmou que o suspeito confessou sua participação e forneceu informações sobre outros envolvidos no crime.

“Ele está indicando onde podem ser encontradas as demais pessoas. Além de ter confessado, ele foi reconhecido por algumas vítimas e testemunhas”, declarou o delegado.

Nascido em Petrolina, Pernambuco, Nero do Piseiro possui um histórico criminal que inclui condenações por porte ilegal de arma de fogo. Antes de sua prisão, ele já havia registrado duas passagens pela polícia. A motivação do ataque, segundo as autoridades, estaria relacionada a desentendimentos internos sobre a venda de um lote dentro do assentamento, e não a uma ação contra o MST em si.

O delegado Parra explicou que o conflito não envolveu uma tentativa de invasão de terras, mas sim uma cobrança relacionada a negociações locais. “Foi uma desinteligência totalmente fora de controle por motivos internos da organização do assentamento”, afirmou.

Durante o ataque, os agressores estavam armados com armas de fogo, enquanto os integrantes do MST se defendiam apenas com armas brancas e ferramentas agrícolas. O dirigente nacional do MST, Gilmar Mauro, descreveu o ataque como perpetrado por uma “milícia com arsenal armamentista muito forte”, ressaltando que as famílias presentes no local estavam ali para proteger suas terras.

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O MST denunciou que a região tem sido alvo de interesses do mercado imobiliário, com tentativas de transformar assentamentos em áreas de condomínios. Mauro afirmou que a situação é preocupante e que as forças de milícias têm sido utilizadas para intimidar os assentados.

O ataque ocorreu por volta das 23h da última sexta-feira (10), quando homens armados invadiram o assentamento Olga Benário. Entre os mortos, estavam Valdir do Nascimento, conhecido como “Valdirzão”, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos. Outros dois feridos foram internados em estado grave.

Ministros do governo Lula lamentaram o episódio e pediram punição aos responsáveis. Em uma ligação, o presidente Lula expressou solidariedade às vítimas e prometeu visitar a região. O Ministério da Justiça e Segurança Pública já enviou um ofício à Polícia Federal para a abertura de um inquérito sobre o ataque.

Além disso, uma equipe da Polícia Federal foi deslocada ao local para investigar o ocorrido. A polícia continua a busca por outros envolvidos e tenta esclarecer se Nero tinha interesse na compra do lote ou se atuava como intermediário.

O caso levanta preocupações sobre a segurança nos assentamentos e a crescente violência relacionada a disputas de terras no Brasil, um tema que continua a ser uma fonte de tensão entre movimentos sociais e grupos de interesse privado.

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