Homem de 41 anos foi reconhecido por vítimas e confessou participação no ataque que deixou dois mortos e seis feridos.
11 de Janeiro de 2025 às 22h27

Polícia Civil prende suspeito de chefiar ataque a assentamento do MST em Tremembé

Homem de 41 anos foi reconhecido por vítimas e confessou participação no ataque que deixou dois mortos e seis feridos.

A Polícia Civil de São Paulo prendeu, neste sábado (11), um homem de 41 anos suspeito de chefiar o ataque a um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Tremembé, no interior do estado. O ataque, que ocorreu na noite de sexta-feira (10), resultou na morte de duas pessoas e deixou outras seis feridas.

O delegado Marcos Ricardo Parra, chefe da seccional de Taubaté, informou que o homem foi identificado por vítimas que estavam hospitalizadas e por testemunhas que presenciaram o crime. Durante a invasão, os criminosos não cobriram os rostos, facilitando a identificação do suspeito, que já era conhecido na comunidade.

Na delegacia, o homem confessou sua participação no ataque e indicou onde poderiam ser encontrados outros envolvidos. “Ele confessou o crime. Não só confessou, como ele está indicando onde podem ser encontradas as demais pessoas que participaram do ataque. A gente trabalha na condição de certeza da participação dele”, afirmou Parra.

O ataque ocorreu no assentamento Olga Benário, onde, segundo relatos, um grupo armado chegou em cinco carros e três motos, disparando contra os moradores. Valdir do Nascimento, conhecido como Valdirzão, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, foram mortos no local. Outras seis pessoas, com idades entre 18 e 49 anos, foram feridas e levadas a hospitais da região.

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O motivo do ataque ainda está sendo investigado, mas, segundo o delegado, está relacionado a uma disputa por um lote no assentamento. “A motivação foi o problema interno de pessoas do próprio assentamento, entre elas, ou seja, sem nenhuma conotação com invasão ou proteção de terra”, explicou Parra.

O MST, que representa cerca de 45 famílias que vivem no assentamento, denunciou a ação como um “massacre” e criticou a falta de segurança nas áreas de reforma agrária. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, também se manifestou, afirmando que o crime é “gravíssimo” e cobrando providências.

O governo federal, por meio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, determinou que a Polícia Federal inicie uma investigação sobre o ataque. Uma equipe da PF já se deslocou até o assentamento para dar início às apurações.

Além das prisões, foram apreendidas armas brancas e de fogo, que passarão por perícia para identificar digitais dos criminosos. A Polícia Militar reforçou o policiamento na área do assentamento, visando garantir a segurança dos moradores após o ataque.

O assentamento Olga Benário é regularizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) há cerca de 20 anos e é um dos muitos que enfrentam conflitos por terras no Vale do Paraíba. O MST e outros movimentos sociais têm denunciado a crescente violência contra os assentados, que lutam por seus direitos e pela permanência em suas terras.

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