Criminosos armados invadiram o assentamento Olga Benário e dispararam contra os moradores; polícia investiga o caso
11 de Janeiro de 2025 às 17h42

Ataque a assentamento do MST em Tremembé deixa dois mortos e seis feridos

Criminosos armados invadiram o assentamento Olga Benário e dispararam contra os moradores; polícia investiga o caso

Um ataque a tiros ocorrido na noite de sexta-feira (10) no assentamento Olga Benário, localizado em Tremembé, no interior de São Paulo, resultou na morte de dois homens e deixou seis pessoas feridas. O crime, que aconteceu por volta das 23h, é investigado pela Polícia Civil da região.

De acordo com informações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), cerca de dez homens armados invadiram o assentamento em cinco veículos e duas motocicletas, disparando contra os moradores que estavam no local, incluindo crianças e idosos.

As vítimas fatais foram identificadas como Valdir do Nascimento, de 52 anos, conhecido como Valdirzão, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos. Ambos não resistiram aos ferimentos e faleceram no local. Além deles, outras seis pessoas, com idades entre 18 e 49 anos, foram atingidas pelos disparos e encaminhadas a hospitais da região, sendo que um dos feridos, um homem de 29 anos, foi internado em estado grave após ser baleado na cabeça.

O MST informou que os feridos estão recebendo atendimento no Hospital Regional de Taubaté e no pronto-socorro de Tremembé. O movimento também destacou que o ataque ocorreu em um contexto de disputa por terras, uma vez que os assentados estavam reunidos para proteger uma área que havia sido alvo de tentativas de invasão.

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O caso foi registrado na delegacia de plantão em Taubaté, onde a polícia coleta depoimentos de testemunhas e busca identificar os responsáveis pelo ataque. Até o momento, ninguém foi preso.

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, manifestou sua indignação em relação ao ocorrido e afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que a Polícia Federal acompanhe as investigações. Em suas redes sociais, Teixeira classificou o ataque como “um crime gravíssimo” e pediu providências às autoridades de segurança pública.

O MST, por sua vez, expressou sua profunda dor e indignação diante da violência sofrida pelos assentados, destacando a falta de políticas públicas que garantam a segurança nas áreas de reforma agrária. Em nota, o movimento afirmou que “a ausência de proteção coloca a vida de muitos em constante risco” e exigiu que as autoridades tomem medidas efetivas para garantir a segurança dos trabalhadores rurais.

O assentamento Olga Benário, que abriga cerca de 45 famílias, é regularizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e existe há mais de 20 anos. A comunidade tem enfrentado constantes ameaças e pressões relacionadas à especulação imobiliária na região, que é considerada estratégica para empreendimentos turísticos.

O ataque gerou repercussão entre parlamentares e organizações sociais, que cobram uma investigação rigorosa e a responsabilização dos envolvidos. A situação evidencia a crescente violência contra movimentos sociais no Brasil, especialmente em áreas de reforma agrária.

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