Material reflete melhor a luz solar e reduz a temperatura em até 10 °C, melhorando a qualidade de vida urbana.
13 de Janeiro de 2025 às 14h55

Cidades do Ceará adotam concreto para combater o calor extremo nas ruas

Material reflete melhor a luz solar e reduz a temperatura em até 10 °C, melhorando a qualidade de vida urbana.

Com o aumento das temperaturas no Nordeste, cidades do Ceará estão implementando uma estratégia inovadora para combater o calor extremo: a substituição do asfalto pelo concreto na pavimentação de ruas e avenidas. Essa mudança visa não apenas melhorar a infraestrutura urbana, mas também reduzir a sensação térmica em até 10 °C, proporcionando um ambiente mais agradável para os cidadãos.

A capital cearense, Fortaleza, é um dos principais exemplos dessa iniciativa. A Secretaria das Cidades do estado informou que a substituição do asfalto por concreto já está em andamento em 39 municípios e 12 regiões, incluindo cidades como Sobral e Crato. O objetivo é diminuir as chamadas ilhas de calor, que são áreas urbanas que absorvem e retêm calor, elevando as temperaturas locais.

Especialistas destacam que o concreto, embora tenha um custo inicial mais elevado, oferece durabilidade superior ao asfalto. Iuri Bessa, professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que “o pavimento asfáltico tem um custo inicial mais baixo, mas se desgasta mais rapidamente, enquanto o concreto, apesar de ser mais caro, requer menos manutenção ao longo do tempo”.

Além da durabilidade, o concreto apresenta vantagens ambientais significativas. O engenheiro Bruno Nobre, da Coordenadoria de Obras Urbanas da Secretaria das Cidades, ressalta que “o asfalto é mais suscetível a variações de preço do petróleo e absorve mais radiação solar, contribuindo para o aumento das temperaturas urbanas. O concreto, por outro lado, reflete melhor a luz solar, reduzindo a absorção de calor e melhorando a iluminação nas vias durante a noite”.

A adoção de pavimentação em piso intertravado também está em ascensão no estado. Esses pisos, que consistem em blocos de concreto que se encaixam sem a necessidade de argamassa, oferecem facilidade de manutenção e são permeáveis, permitindo a infiltração da água da chuva no solo, ajudando a prevenir alagamentos e a melhorar o equilíbrio hídrico nas áreas urbanas.

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Embora o asfalto seja amplamente utilizado devido ao seu custo inicial mais baixo e flexibilidade, ele apresenta desvantagens em climas quentes, como a tendência a amolecer e deformar sob altas temperaturas. Webert Silva, engenheiro civil e doutorando em engenharia de transportes, destaca que “o asfalto pode sofrer deformaçõe permanentes, aumentando a necessidade de manutenção”.

Por outro lado, o concreto, que é composto por cimento, água e agregados, tende a ter uma vida útil três vezes maior que o asfalto. Ilo Santiago, superintendente adjunto de Rodovias da Superintendência de Obras Públicas do Estado do Ceará (SOP), afirma que “estamos priorizando o uso de concreto e blocos intertravados em nossas obras”.

Além de suas vantagens práticas, a escolha do concreto também está alinhada com questões de sustentabilidade. Lucas Babadopulos, doutor em engenharia civil pela Universidade de Lyon, observa que “o concreto é mais sustentável em termos de refletividade solar e conforto térmico, embora sua produção emita uma quantidade significativa de carbono. O uso de materiais reciclados pode ajudar a mitigar esse impacto”.

O futuro da pavimentação nas cidades do Ceará parece promissor, com a adoção de soluções que visam não apenas a melhoria das vias, mas também a qualidade de vida dos cidadãos. A combinação de concreto, arborização e planejamento urbano focado em pedestres pode resultar em ambientes urbanos mais agradáveis e sustentáveis.

Em suma, a substituição do asfalto pelo concreto nas cidades cearenses não é apenas uma questão de modernização das infraestruturas, mas uma estratégia abrangente para enfrentar os desafios climáticos que afetam a vida urbana.

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