Reformulação no diagnóstico da obesidade sugere categorias clínicas e novas medições para avaliação de saúde.
15 de Janeiro de 2025 às 17h50

Especialistas propõem nova abordagem para diagnóstico da obesidade além do IMC

Reformulação no diagnóstico da obesidade sugere categorias clínicas e novas medições para avaliação de saúde.

Um grupo internacional de especialistas, reunido na Comissão sobre Obesidade Clínica, lançou uma proposta inovadora para o diagnóstico da obesidade, que vai além do tradicional índice de massa corporal (IMC). A nova abordagem, publicada na revista científica The Lancet Diabetes & Endocrinology, sugere que o IMC não deve ser o único critério para avaliar a obesidade, uma vez que essa métrica apresenta limitações significativas.

O IMC, que é calculado dividindo o peso em quilos pela altura em metros ao quadrado, classifica indivíduos com IMC entre 25 e 29,9 como sobrepeso e aqueles com IMC igual ou superior a 30 como obesidade. No entanto, especialistas alertam que essa fórmula não considera a distribuição de gordura corporal, o que pode levar a diagnósticos incorretos.

Robert Eckel, professor de medicina na Universidade do Colorado e membro da comissão, destaca que “confiar apenas no IMC para diagnosticar obesidade é problemático, pois algumas pessoas tendem a armazenar excesso de gordura na cintura ou em torno de órgãos vitais, o que está associado a um risco maior à saúde”.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de um bilhão de pessoas no mundo vivem com obesidade, e essa condição não afeta apenas adultos, mas também crianças e adolescentes. A nova proposta visa não apenas melhorar o diagnóstico, mas também reduzir o estigma associado à obesidade.

A Comissão propõe a introdução de duas novas categorias para o diagnóstico da obesidade: obesidade clínica e obesidade pré-clínica. A obesidade clínica é definida como uma condição médica que causa prejuízos ao funcionamento dos órgãos e limitações nas atividades diárias, enquanto a obesidade pré-clínica se refere a indivíduos que apresentam excesso de peso, mas que ainda não apresentam sintomas de doenças relacionadas.

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Para um diagnóstico mais preciso, os especialistas recomendam que o IMC seja complementado por medições adicionais, como a circunferência da cintura e a análise da composição corporal. A proposta inclui também a realização de medições diretas da gordura corporal, como a densitometria óssea ou Dexa, que podem fornecer uma avaliação mais detalhada da saúde do paciente.

Ricardo Cohen, chefe do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e presidente mundial da IFSO (Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos), afirma que “essa nova classificação contribui para o planejamento de estratégias de saúde pública e o desenvolvimento de políticas mais eficazes e baseadas em evidências científicas”.

Os especialistas brasileiros apoiam a nova abordagem, ressaltando que ela traz uma visão mais abrangente sobre a obesidade. Paulo Miranda, coordenador da Comissão Internacional da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, destaca que “é uma tendência que já vem sendo proposta há alguns anos em diversas partes do mundo, e que não se limita apenas ao IMC”.

Além disso, a nova metodologia é considerada aplicável em qualquer lugar do mundo, embora os fatores de risco possam variar de acordo com a região. “A medicina hoje é de precisão, individualizada”, afirma Cohen.

Com a implementação dessas novas diretrizes, a expectativa é que o diagnóstico da obesidade se torne mais preciso e que os tratamentos sejam mais direcionados, garantindo que cada paciente receba o cuidado necessário, livre de julgamentos e estigmas.

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