A união das operações das duas companhias aéreas pode resultar em uma nova empresa com 60% de participação no setor nacional.
16 de Janeiro de 2025 às 08h55

Azul e Gol firmam acordo para fusão que pode dominar mercado aéreo brasileiro

A união das operações das duas companhias aéreas pode resultar em uma nova empresa com 60% de participação no setor nacional.

As companhias aéreas Azul e Gol assinaram um memorando de entendimento na quarta-feira, 15 de janeiro, que marca um passo significativo rumo à fusão entre as duas empresas. Caso a união se concretize, a nova companhia resultante terá aproximadamente 60% de participação no mercado aéreo brasileiro, superando a concorrente Latam, que detém cerca de 40% do setor, conforme dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

O acordo, que ainda depende da conclusão do processo de recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos, previsto para abril, foi divulgado ao mercado financeiro e sinaliza a intenção das duas empresas de fortalecer suas operações em um momento desafiador para a aviação no Brasil. A Gol, controlada pela Abra Group, já vinha enfrentando dificuldades financeiras e está em recuperação judicial desde o início de 2024.

O CEO da Azul, John Rodgerson, destacou a importância da fusão, afirmando que a combinação das duas empresas permitirá uma maior conectividade e eficiência operacional. “Uma companhia mais forte pode crescer e oferecer mais rotas aos clientes”, disse Rodgerson, ressaltando que a fusão não resultará na eliminação das marcas, que continuarão a operar de forma independente.

O memorando prevê que a nova companhia terá um conselho de administração composto por três membros indicados pela Abra, três pela Azul e três independentes. O presidente do conselho será indicado pela Abra, enquanto o CEO será o atual presidente da Azul, John Rodgerson. A estrutura de governança foi desenhada para garantir uma gestão equilibrada entre as duas empresas.

Além disso, a fusão não exigirá novos investimentos financeiros, pois utilizará apenas ativos já disponíveis. A Azul continuará a adquirir aeronaves da Embraer e a buscar sinergias em voos internacionais, enquanto a Gol se concentrará em suas operações atuais.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

Rodgerson também abordou as preocupações sobre a concentração de mercado, mencionando exemplos de outros países onde empresas dominantes não apenas coexistem, mas também impulsionam o crescimento do setor. Ele citou a Latam no Chile e a Lufthansa na Alemanha como exemplos de companhias que operam com alta participação de mercado sem comprometer a concorrência.

O processo de fusão será submetido à análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que avaliarão a viabilidade do negócio sob a perspectiva da concorrência. A expectativa é que a aprovação regulatória ocorra até 2026, após a Gol sair do processo de recuperação judicial.

A combinação das operações da Azul e da Gol pode criar uma gigante do setor aéreo brasileiro, com uma frota de mais de 300 aeronaves e um faturamento combinado de R$ 25,3 bilhões entre janeiro e setembro de 2024. A fusão representa uma oportunidade significativa para as duas empresas, que buscam se reerguer em um mercado cada vez mais competitivo.

As companhias aéreas têm enfrentado desafios financeiros nos últimos anos, especialmente após a pandemia de Covid-19, que impactou severamente o setor. A recuperação judicial da Gol e os esforços da Azul para reestruturar suas dívidas refletem a necessidade de adaptação em um ambiente de negócios em constante mudança.

Com a assinatura do memorando, as duas empresas demonstram um compromisso em explorar oportunidades que possam beneficiar não apenas suas operações, mas também os consumidores, ao oferecer mais opções e conectividade no transporte aéreo nacional.

Veja também:

Tópicos: