Polícia utiliza taser em imigrantes durante operação no centro de São Paulo
Durante fiscalização contra comércio irregular, dois imigrantes foram atingidos por arma de choque; um deles precisou de cirurgia.
Na tarde de quinta-feira, 16, uma operação conjunta entre a Prefeitura de São Paulo e a Polícia Militar resultou na utilização de um taser, conhecido como arma de choque, em dois imigrantes durante uma ação de fiscalização no Brás, uma das áreas centrais da capital paulista. O objetivo da operação foi coibir o comércio irregular de vendedores ambulantes na região.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que três homens foram detidos por resistirem à fiscalização. A pasta defende o uso do taser como uma alternativa às armas de fogo, ressaltando que a abordagem foi necessária diante da resistência apresentada pelos ambulantes. A gestão municipal, no entanto, não se manifestou sobre o ocorrido.
De acordo com a advogada Ananda Endo, do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, um dos imigrantes atingidos é um senegalês que, embora tenha trabalhado anteriormente na região, apenas passava pelo local no momento da fiscalização. “Ele foi atingido na cabeça, perto do olho, e caiu ao chão. Após se levantar, levou um segundo tombo e, durante a queda, foi chutado por um policial. Estava totalmente desarmado e, devido ao impacto, precisou ser transferido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Mooca, onde foi posteriormente encaminhado ao Hospital Vila Alpina e, em seguida, ao Hospital São Paulo, onde passou por uma cirurgia para remoção de um projétil que ficou alojado em sua cabeça”, relatou Ananda.
Outro imigrante, um haitiano, também foi atingido pelo taser nas costas durante a apreensão de suas mercadorias. Ele foi atendido na mesma UPA e recebeu alta, mas ainda apresenta dores e dificuldades de movimentação.
A SSP confirmou a resistência dos detidos, que têm idades de 26, 29 e 31 anos, e que a ação ocorreu na Rua Barão de Ladário. Segundo a secretaria, o uso do taser foi necessário e dois homens foram encaminhados à UPA da Mooca para tratamento.
O caso foi registrado como lesão corporal no 8º Distrito Policial do Brás, que solicitou exames ao Instituto Médico-Legal (IML) para apurar as circunstâncias do incidente.
O taser, uma arma não letal, é projetado para disparar um forte pulso elétrico que pode imobilizar o alvo. A corrente elétrica é transmitida através de pequenas sondas que podem atingir uma distância de até seis metros. A SSP justifica que a utilização de armas de incapacitação neuromuscular é uma medida para conter pessoas que representam risco iminente a terceiros, aos policiais ou a si mesmas.
“Essas armas, consideradas de menor potencial ofensivo, interferem nos sistemas nervoso motor e sensorial, incapacitando temporariamente o indivíduo”, informou a SSP em nota. A secretaria também destacou que os policiais são treinados para usar essas armas em situações específicas, como resistência ativa ou comportamento agressivo.
As diretrizes da SSP recomendam que os disparos sejam direcionados a áreas amplas do corpo, como tronco e membros inferiores, evitando regiões sensíveis como cabeça e pescoço, a fim de minimizar o risco de lesões graves.
Veja também: