Governador de Goiás, Ronaldo Caiado, contesta medidas do governo federal e se prepara para anunciar pré-candidatura à Presidência.
20 de Janeiro de 2025 às 18h33

Caiado critica portarias do governo Lula e se posiciona como alternativa a Bolsonaro

Governador de Goiás, Ronaldo Caiado, contesta medidas do governo federal e se prepara para anunciar pré-candidatura à Presidência.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), manifestou suas críticas às portarias recentemente assinadas pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que visam reduzir e monitorar a letalidade policial, além de combater a criminalidade. As declarações de Caiado, feitas em um vídeo publicado em sua conta no Instagram no último domingo, 19, refletem sua intenção de se posicionar como uma alternativa à direita, especialmente em um cenário político onde o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se encontra inelegível.

Segundo Caiado, as novas regulamentações demonstram uma “conivência e leniência” do governo federal com facções criminosas. Ele destacou que as diretrizes estabelecidas pelo governo Lula incluem orientações para abordagens policiais e o uso de equipamentos com menor potencial ofensivo, colocando as armas de fogo como último recurso.

“Com portarias como essa, a conivência e leniência do governo com a criminalidade estão mais do que claras. Precisamos de medidas enérgicas que assegurem a presença do Estado e não a submissão do Estado aos faccionados e ao crime no Brasil”, afirmou Caiado.

Notavelmente, o governador não se limitou a criticar a situação em Goiás, mas também abordou a crescente criminalidade em outras regiões do país, citando especificamente a Amazônia e a capital de Rondônia, Porto Velho. “Hoje estamos assistindo o Estado de Rondônia, a capital Porto Velho, totalmente tomada pelos faccionados, e o senhor ministro discutindo regras como essa”, questionou.

Caiado ainda ressaltou que Goiás é uma “exceção” em relação a outros estados que enfrentam problemas de criminalidade. Em um embate anterior com o governo Lula, ele afirmou que conseguiu reduzir a criminalidade em seu território, uma declaração que recebeu uma resposta irônica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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A pré-candidatura de Caiado à Presidência da República em 2025 é um dos seus principais objetivos, especialmente em um contexto de fragmentação da direita devido à inelegibilidade de Bolsonaro. O governador já está organizando o lançamento de sua pré-campanha, previsto para março, e escolheu Salvador como o local do anúncio.

A capital baiana, que teve um desempenho expressivo de Lula nas eleições contra Bolsonaro, também é um reduto do União Brasil, onde o atual prefeito, Bruno Reis (União), venceu em primeiro turno com quase 80% dos votos válidos nas eleições municipais do ano passado.

Nos próximos meses, Caiado planeja reunir especialistas para elaborar sua plataforma de governo. Desde o ano passado, ele tem conversado com a médica Ludhmila Hajjar, o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e Erick Figueiredo, que presidiu o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) durante o governo Bolsonaro. No entanto, segundo aliados, essas conversas ainda são preliminares e não garantem a participação desses nomes na pré-campanha.

Um dos principais desafios para Caiado será conquistar o apoio dos eleitores que votaram em Bolsonaro nas eleições de 2022. Um levantamento recente da Paraná Pesquisas, divulgado na semana passada, mostra que o governador de Goiás não alcança dois dígitos nas intenções de voto em cenários para 2026, caso Bolsonaro não seja candidato.

Além disso, Caiado enfrenta a condenação pela Justiça Eleitoral de Goiás, que o tornou inelegível por oito anos, devido a supostas irregularidades no uso do palácio do governo em benefício do prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União), o que ele nega. O anúncio do cantor sertanejo Gusttavo Lima, um de seus aliados, de que participará da disputa eleitoral em 2026 também adiciona uma nova camada de complexidade ao cenário político.

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