Crescimento de 79% nas áreas queimadas no Brasil preocupa especialistas
Estudo do MapBiomas revela que mais de 30 milhões de hectares foram devastados em 2024, com a Amazônia sendo a mais afetada.
O Brasil enfrentou um aumento alarmante de 79% nas áreas queimadas em 2024, totalizando mais de 30,8 milhões de hectares devastados pelo fogo. Os dados, fornecidos pelo MapBiomas, indicam que a floresta amazônica foi a mais atingida, concentrando mais da metade da área queimada no país.
O Monitor do Fogo, também do MapBiomas, aponta que três em cada quatro hectares queimados eram de vegetação nativa, com 25% dessa área correspondendo a formações florestais. As pastagens também sofreram com as queimadas, totalizando 6,7 milhões de hectares consumidos pelas chamas.
A Amazônia lidera o ranking das áreas devastadas, com 17,9 milhões de hectares queimados, um número que supera o total de áreas queimadas em todo o Brasil em 2023. Este padrão preocupante revela que a floresta nativa foi a mais afetada, superando as áreas de pastagens pela primeira vez.
“Os impactos dessa devastação expõem a urgência de ações coordenadas e engajamento em todos os níveis para conter uma crise ambiental exacerbada por condições climáticas extremas, mas desencadeada pela ação humana”, afirmou Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo.
O fenômeno El Niño, que deixou a vegetação mais vulnerável ao fogo, é um dos fatores que contribuem para o crescimento das áreas queimadas. O Cerrado registrou 9,7 milhões de hectares queimados, com 85% da área em vegetação nativa, enquanto o Pantanal sofreu com 1,9 milhão de hectares afetados, um aumento de 64% em relação à média dos últimos seis anos.
Na Mata Atlântica, 1 milhão de hectares foram queimados, sendo 70% da área afetada em regiões agropecuárias. Apesar do fogo estar concentrado em áreas antrópicas, as áreas naturais também foram atingidas, resultando em prejuízos ambientais significativos.
O Pará foi o estado mais afetado, com 7,3 milhões de hectares queimados, seguido por Mato Grosso e Tocantins. Esses três estados concentram mais da metade da área queimada no Brasil. Os municípios de São Félix do Xingu, no Pará, e Corumbá, em Mato Grosso do Sul, registraram as maiores áreas devastadas.
O aumento das queimadas em 2024 representa o maior número desde 2019, segundo o Monitor do Fogo. Especialistas alertam que o fogo na Amazônia não é um fenômeno natural e não faz parte da dinâmica ecológica da região, sendo um elemento introduzido por ações humanas.
O estado do Pará, que sediará a COP30 este ano, enfrenta uma situação crítica, com 24% da área queimada em 2024. Após o Pará, Mato Grosso e Tocantins seguem como os estados mais afetados, com 6,8 milhões e 2,7 milhões de hectares queimados, respectivamente.
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