A Fundação Getulio Vargas aponta que tarifas elevadas de Trump podem afetar exportações brasileiras de diversos produtos.
22 de Janeiro de 2025 às 12h54

EUA podem restringir importação de carnes e sucos do Brasil, alerta FGV/Icomex

A Fundação Getulio Vargas aponta que tarifas elevadas de Trump podem afetar exportações brasileiras de diversos produtos.

A possibilidade de aumento nas tarifas de importação pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode resultar em restrições significativas às exportações brasileiras, não apenas de produtos siderúrgicos, mas também de sucos e carnes. Essa análise foi feita pelo Indicador de Comércio Exterior (Icomex), divulgado na última quarta-feira, 22, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

De acordo com a FGV, “nesse cenário, além de produtos de siderurgia, lobbies protecionistas podem demandar restrições para sucos e carne”. A entidade também destacou a incerteza em relação ao impacto das políticas de Trump sobre o setor de petróleo, uma vez que a ampliação da exploração desse recurso nos EUA pode não ser acompanhada de restrições, o que poderia influenciar os preços.

A FGV ressaltou que a imprevisibilidade das ações do presidente Trump cria um ambiente desfavorável para as transações comerciais internacionais. No ano passado, as principais commodities brasileiras exportadas para os Estados Unidos incluíram o petróleo bruto, que representou 14% do total, seguido por semimanufaturados de ferro ou aço (8,8%), café (4,7%), óleos combustíveis (4,3%), celulose (4,2%), ferro gusa (4,4%), sucos (3%) e carne (2,3%).

Embora o governo Trump ainda não tenha anunciado um pacote de tarifas de importação, uma eventual elevação pode pressionar a inflação e valorizar o dólar. Para o Brasil, isso poderia trazer “mais dificuldades” para o controle da inflação e a desvalorização do real em relação ao dólar.

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“Ademais, como já mencionado, a imprevisibilidade do presidente Trump em relação à questão do pacote tarifário traz custos para o comércio internacional. Em relação à China, será necessário aguardar para observar quais medidas protecionistas, além de tarifas, poderão ser implementadas”, observou a FGV.

A balança comercial brasileira fechou o ano de 2024 com um superávit de US$ 74,6 bilhões, uma queda em relação ao saldo positivo de US$ 98,9 bilhões registrado em 2023. Esse superávit mais modesto foi resultado de uma redução de 0,8% no valor exportado, enquanto o valor importado aumentou em 9,0%.

O volume exportado cresceu 2,8% em 2024 em comparação a 2023, mas os preços caíram 3,4%. Por outro lado, o volume importado aumentou 15,8% em 2024, com os preços encolhendo 5,8%.

Na transição de 2023 para 2024, o volume exportado pela indústria extrativa cresceu 6,8%, enquanto a indústria de transformação teve um avanço de 3,2%. Em contrapartida, a agropecuária apresentou uma queda de 1,4% em seu volume exportado.

O aumento no volume importado de máquinas e equipamentos e de bens intermediários na indústria de transformação, em comparação com os resultados da agropecuária, indica uma melhora no desempenho do setor industrial em 2024, conforme ressaltou a FGV.

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