A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) critica intenções do governo em projeto que visa restringir redes sociais para crianças.
28 de Janeiro de 2025 às 16h46

Damares Alves diz que "até serve café para Lula" se governo apoiar projeto de proteção infantil

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) critica intenções do governo em projeto que visa restringir redes sociais para crianças.

A senadora Damares Alves, do Republicanos-DF, declarou que "até serve café para Lula" se o governo petista apoiar um projeto que visa implementar restrições nas redes sociais para proteger crianças e adolescentes. Em entrevista ao jornal O Globo, a ex-ministra do governo Jair Bolsonaro (PL) expressou suas preocupações sobre as intenções do governo em relação ao projeto.

A proposta, de autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), tem como objetivo alterar a legislação para garantir a proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital. O projeto foi aprovado no Senado em 2024 e agora aguarda análise na Câmara dos Deputados.

O texto estabelece regras para redes sociais, aplicativos, sites e jogos eletrônicos, obrigando os provedores a implementarem mecanismos para verificar a idade dos usuários. Além disso, impõe supervisão do uso da internet pelos responsáveis e exige que provedores de internet e fornecedores de produtos criem sistemas de notificação de abuso sexual, assim como ofereçam configurações mais seguras em relação à privacidade e proteção de dados pessoais.

Embora a proposta tenha sido elaborada por Vieira, Damares se tornou uma das principais defensoras do projeto. Ela afirmou que o governo petista "quer pegar carona" na iniciativa para incluir emendas desconectadas do tema principal. "Estão querendo apresentar emendas, mas nós não aceitamos censura em nome de criança", disse a senadora.

A estratégia do governo parece ser apoiar medidas da oposição que visam restringir conteúdos em plataformas digitais, como Facebook e Instagram, administradas pela Meta. Isso inclui a proposta de Alessandro Vieira e outra do deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), que é presidente da Frente Parlamentar Evangélica.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

Recentemente, a Meta encerrou seu sistema de checagem de fatos no Facebook e Instagram, uma decisão que foi classificada como "extremamente grave" pelo governo Lula.

Damares enfatizou que, apesar de suas discordâncias, estaria disposta a apoiar o governo se a proteção das crianças fosse mantida como prioridade. "Eu até sirvo café para o Lula se ele quiser. A criança está acima de qualquer coisa", brincou. No entanto, a senadora expressou receio de que o Executivo utilize o projeto como justificativa para suspender plataformas sob o pretexto de proteger a infância.

Ela afirmou: "Acho que a intenção deles pode ser suspender, tirar do ar uma plataforma sob a alegação de proteção da infância. A gente tem deixado claro que a ideia do projeto é tratar do conteúdo permitido para crianças. Eles vão dizer que estamos maltratando as crianças quando falarmos, por exemplo, de questões como a transição de gênero".

A proposta de Silas Câmara, apresentada em dezembro de 2024, sugere proibir o anonimato nas redes sociais, permitindo pseudônimos apenas se as plataformas conhecerem a identidade real dos usuários. Se as regras não forem cumpridas, as empresas poderão ser responsabilizadas civilmente.

O projeto, apelidado de "Lei de Proteção às Liberdades Constitucionais e Direitos Fundamentais", enfrenta resistência de setores que temem que ele impacte a liberdade de expressão.

A mudança na postura do governo indica um afastamento de projetos mais amplos de regulamentação das redes sociais, como o relatado pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), que também é de autoria de Alessandro Vieira. Esse texto foi criticado pela oposição durante o governo Bolsonaro e chegou a ser chamado de "PL da Censura".

Veja também:

Tópicos: