Projeto ambicioso visa gerar energia em órbita da Terra e transmitir via ondas de rádio, mas enfrenta desafios técnicos.
22 de Janeiro de 2025 às 15h44

China planeja usina solar no espaço com painel de um quilômetro de largura

Projeto ambicioso visa gerar energia em órbita da Terra e transmitir via ondas de rádio, mas enfrenta desafios técnicos.

A China anunciou um projeto inovador que pode transformar a forma como a energia é gerada no planeta: a construção de uma usina solar em órbita. Este empreendimento ambicioso, conforme declarado por Long Lehao, projetista-chefe dos foguetes Long March e membro da Academia Chinesa de Engenharia, promete produzir em um ano a mesma quantidade de energia que todo o petróleo extraído da Terra.

O plano é colocar uma matriz solar de um quilômetro de largura em órbita geoestacionária, a aproximadamente 36 mil quilômetros da superfície terrestre. Essa comparação com a Barragem das Três Gargantas, o maior projeto hidrelétrico do mundo localizado no rio Yangtze, não é por acaso. A barragem gera atualmente cerca de 100 bilhões de quilowatts-hora de eletricidade anualmente, conforme informações do site Live Science.

Um cientista da NASA chegou a estimar que, caso a represa fosse completamente preenchida, a rotação da Terra diminuiria em 0,06 microssegundos. Essa magnitude de geração de energia é o que a China almeja replicar no espaço.

Mas por que construir painéis solares fora da atmosfera terrestre? A resposta está na eficiência: no espaço, a luz solar é dez vezes mais intensa do que na superfície, e não há preocupação com dias nublados ou a alternância entre dia e noite. Isso significa que os painéis poderiam coletar energia continuamente e transmiti-la à Terra sem fios, utilizando ondas de rádio de alta energia.

Long Lehao enfatizou a importância do projeto, afirmando que “é tão significativo quanto mover a Barragem das Três Gargantas para uma órbita geoestacionária a 36 mil km acima da Terra” durante uma conferência da Academia Chinesa de Engenharia.

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Para viabilizar essa ideia, a China está desenvolvendo o foguete Long March-9 (CZ-9), uma poderosa plataforma reutilizável capaz de transportar mais de 150 toneladas. Este foguete será essencial não apenas para a construção da usina solar, que exigirá múltiplos lançamentos, mas também para os planos do país de estabelecer uma base de pesquisa lunar até 2035.

Medidas concretas já estão sendo tomadas. Em junho de 2021, a China iniciou a construção de sua primeira estação experimental de energia solar espacial em Bishan. Recentemente, em novembro de 2023, pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia Eletrônica de Xian apresentaram resultados promissores do Chasing the Sun Project, que é o primeiro sistema completo de verificação em solo para energia solar espacial.

Entretanto, a China não está sozinha nessa corrida pela energia espacial. A Islândia, em colaboração com a empresa britânica Space Solar, planeja desenvolver uma matriz solar mais modesta até 2030, capaz de abastecer entre 1.500 e 3.000 residências. Além disso, empresas americanas como Lockheed Martin e Northrop Grumman, assim como a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Espacial Japonesa (JAXA), que planeja lançar um satélite de teste em 2025, também estão envolvidas nesse campo.

Os desafios técnicos são significativos, especialmente no que diz respeito à transmissão de grandes volumes de energia do espaço. Embora tenham ocorrido avanços, como o experimento realizado em 2023 pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), que conseguiu transmitir energia sem fio na escala de miliwatts, isso ainda é muito aquém do que a China pretende alcançar com sua futura usina orbital.

Embora Pequim ainda não tenha anunciado uma data específica para a conclusão da usina, as expectativas são altas. Superar os desafios técnicos pode levar a um marco na forma como a energia limpa é acessada e utilizada no futuro.

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