Levantamento revela que setor de energia solar teve 51 transações em 2024, com forte participação de grandes usinas.
23 de Janeiro de 2025 às 14h20

Crescimento de 76% em fusões e aquisições de energia solar no Brasil em 2024

Levantamento revela que setor de energia solar teve 51 transações em 2024, com forte participação de grandes usinas.

O setor de energia solar no Brasil registrou um crescimento significativo de 76% nas fusões e aquisições em 2024, totalizando 51 transações. Esse aumento é impulsionado tanto pelo mercado de grandes usinas quanto pela geração fotovoltaica de pequeno porte, conforme aponta uma pesquisa da consultoria Greener, especializada no segmento.

O levantamento identificou 35 operações envolvendo usinas de energia solar que mudaram de mãos neste ano, somando uma capacidade de pelo menos 3,6 gigawatts-pico (GWp). Este número representa uma triplicação em relação às 12 transações registradas no ano anterior.

Das 51 transações, 21 foram de compra e venda de usinas de geração centralizada, que incluem os grandes empreendimentos, um aumento quádruplo em comparação a 2023. Por outro lado, as operações de geração distribuída, que abrangem pequenos sistemas como telhados e fachadas solares, dobraram, alcançando 14 transações.

A pesquisa também revelou 16 transações de compra e venda de empresas que atuam na cadeia de valor da energia solar, incluindo geradoras, gestoras, instaladoras e prestadoras de serviços. Neste segmento, o volume de operações permaneceu praticamente estável em relação a 2023.

Luiza Bertazzoli, responsável pela área de Inteligência da Greener, destacou que a aceleração das fusões e aquisições coloca o mercado solar como um dos mais dinâmicos do setor elétrico. Essa movimentação se dá em um contexto onde tanto grandes quanto pequenos consumidores buscam garantir seu consumo por meio de fontes de energia mais limpas.

A energia solar se consolidou como a segunda maior fonte da matriz elétrica brasileira, impulsionando o crescimento do parque gerador nacional. Atualmente, o país possui mais de 50 GW de potência fotovoltaica em operação, dentro de uma matriz total de cerca de 200 GW, que é predominantemente hidrelétrica.

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“Estamos observando uma consolidação no mercado. No entanto, ainda existe uma grande pulverização. Esses portfólios solares menores provavelmente serão adquiridos por grandes players, e acreditamos que haverá uma aceleração dessas movimentações”, afirmou Bertazzoli.

O estudo da Greener revelou que grandes investidores foram responsáveis pela maior parte das transações realizadas no ano passado. Na geração distribuída, destacam-se empresas como Brasol, que conta com investimentos da BlackRock e da Siemens; IVI Energia, da Brookfield; e Élis Energia, do Patria Investimentos. Na geração centralizada, as operações de destaque incluem Atlas Renewable Energy, Casa dos Ventos e Pan American Energy.

Um dos fatores que impulsionou as transações de grandes usinas foi a edição da medida provisória (MP) 1.212 pelo governo federal, que estendeu o prazo para que empreendimentos renováveis entrem em operação e garantam subsídios tarifários.

Moisés Alves, consultor de negócios da Greener, observou que a MP estimulou transações, especialmente de projetos solares “greenfield”, que ainda não foram implementados. “O preço da energia no mercado livre ainda está muito baixo. Isso faz com que seja mais vantajoso manter o projeto no papel, aguardando um aumento de preços antes de realizar investimentos significativos”, explicou Alves.

Além disso, as condições favoráveis para a autoprodução de energia, uma modalidade bastante procurada por grandes indústrias eletrointensivas, também têm impulsionado os negócios de grandes usinas solares.

No segmento das pequenas instalações solares, o mercado está aquecido, especialmente para a categoria “GD 1”, que inclui usinas que garantiram conexões com a rede elétrica antes da definição do marco regulatório setorial, isentando-as de custos de uso da rede até 2045. Esses ativos já estão em operação ou prestes a entrar em atividade.

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