Medidas visam baratear produtos como enlatados e biscoitos, mas geram polêmica sobre segurança alimentar.
22 de Janeiro de 2025 às 20h32

Governo Lula propõe mudança nas regras de validade de alimentos para reduzir preços

Medidas visam baratear produtos como enlatados e biscoitos, mas geram polêmica sobre segurança alimentar.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está considerando implementar mudanças nas regras de validade dos alimentos, uma medida que busca reduzir os preços dos produtos no mercado. A proposta, que vem sendo discutida com associações do setor varejista, sugere a adoção do modelo conhecido como “best before”, já utilizado em países como Estados Unidos e Canadá.

Atualmente, a data de validade dos alimentos no Brasil é interpretada como um limite rígido para o consumo. Com a nova proposta, essa data passaria a ser uma indicação de até quando o produto é considerado ideal para o consumo, permitindo que os alimentos sejam consumidos mesmo após essa data, desde que ainda estejam em condições seguras.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que a medida poderia ser implementada já no primeiro bimestre deste ano, especialmente para produtos como biscoitos, macarrão e enlatados, que são estáveis em temperatura ambiente. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) indicam que cerca de 0,49% da produção alimentícia é desperdiçada anualmente devido ao vencimento dos produtos, o que representa perdas financeiras de até R$ 3 bilhões.

Embora a proposta tenha como objetivo reduzir o desperdício e os preços, a ideia gerou preocupações entre especialistas e defensores da segurança alimentar. Críticos argumentam que permitir o consumo de alimentos após a data de validade poderia colocar em risco a saúde dos consumidores, especialmente os mais vulneráveis, que dependem de produtos seguros e de qualidade.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) atualmente estabelece os padrões de qualidade e segurança dos alimentos, e qualquer mudança nas regras exigiria uma revisão das normas existentes. O Código de Defesa do Consumidor também garante que os consumidores recebam informações claras e precisas sobre os produtos que adquirem.

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Durante uma reunião ministerial, Lula expressou a necessidade urgente de apresentar medidas eficazes para combater a alta dos preços dos alimentos, que se tornaram um ponto de desgaste para seu governo. A expectativa é que novas reuniões entre os ministérios da Agricultura e da Fazenda aconteçam para discutir as propostas e buscar soluções viáveis.

Embora o governo tenha descartado intervenções artificiais nos preços, a pressão para encontrar alternativas que aliviem o custo de vida dos brasileiros tem aumentado. A proposta de mudança nas regras de validade é vista como uma das várias medidas que podem ser adotadas para enfrentar a inflação crescente, que tem afetado especialmente os alimentos.

Além da alteração nas regras de validade, outras sugestões incluem a venda de medicamentos sem receita em supermercados e a redução do prazo de reembolso de cartões de crédito. No entanto, nem todos os integrantes do governo estão convencidos de que essas medidas serão suficientes para resolver o problema da inflação alimentar.

O debate sobre a validade dos alimentos não é novo. Em 2021, durante o governo anterior, também houve discussões sobre a flexibilização das regras, mas pouco progresso foi feito. A nova proposta, agora sob a administração de Lula, reacende essa discussão e levanta questões sobre a segurança alimentar e a proteção do consumidor.

O governo se comprometeu a dialogar com os representantes do setor e a sociedade civil antes de implementar qualquer mudança significativa. A expectativa é que as decisões finais sejam tomadas em breve, à medida que o governo busca atender às demandas da população por alimentos mais acessíveis.

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