Endividamento das famílias brasileiras registra queda pelo segundo ano consecutivo
CNC aponta que cautela diante da inflação e juros altos contribui para a redução do endividamento, mas inadimplência aumenta.
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou nesta terça-feira (22 de janeiro de 2025) que o percentual de famílias brasileiras endividadas caiu para 76,7% em dezembro de 2024. Este é o segundo ano consecutivo em que o indicador apresenta uma redução, uma vez que em dezembro de 2023 o índice era de 77,6%.
A diminuição no endividamento reflete a crescente cautela dos consumidores em face do atual cenário econômico, que inclui o aumento da taxa Selic e a inflação, dificultando o acesso ao crédito. Em dezembro de 2024, 29,3% das famílias relataram ter dívidas em atraso, enquanto 13% afirmaram não ter condições de quitar suas obrigações financeiras.
José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, destacou que a inadimplência é mais acentuada entre as famílias de baixa renda. Ele afirmou: .
O estudo da CNC também revelou que o comprometimento médio da renda das famílias com dívidas atingiu o menor nível desde 2019, com 29,8% dos ganhos familiares destinados ao pagamento de obrigações financeiras. O prazo médio para a quitação das dívidas aumentou de 6,9 meses em 2023 para 7,4 meses em 2024, indicando uma busca por melhores condições de pagamento.
As famílias que recebem até três salários mínimos são as mais impactadas pela situação, representando 80,5% do total de endividados em 2024. A proporção de famílias que comprometem mais de 50% da renda com dívidas teve uma leve queda, passando de 20,7% para 20,6%.
Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, enfatizou a necessidade de ações específicas para mitigar os efeitos da inadimplência. Ele declarou: .
A pesquisa também sugere que a inadimplência deve ser monitorada com atenção em 2025, uma vez que o cenário atual combina uma baixa renda per capita com juros elevados ao consumidor, em um contexto de inflação persistente.
Embora o endividamento tenha se tornado mais sustentável em termos de renda comprometida e prazo, a alta dos juros e o encarecimento do crédito dificultaram a gestão financeira das famílias. O estudo alerta para a necessidade de cautela diante da perspectiva de novos aumentos da Taxa Selic, o que pode restringir ainda mais o acesso ao crédito e comprometer a capacidade de pagamento das famílias.
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