Investigação revela que empresa maquiou carne deteriorada e a vendeu como produto de alta qualidade; quatro pessoas foram presas.
24 de Janeiro de 2025 às 16h00

Frigorífico vendeu carne podre do Rio Grande do Sul como nobre uruguaia, diz polícia

Investigação revela que empresa maquiou carne deteriorada e a vendeu como produto de alta qualidade; quatro pessoas foram presas.

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul divulgou detalhes de uma investigação que expôs um esquema fraudulento envolvendo a venda de carne podre como se fosse de alta qualidade, originária do Uruguai. A empresa Tem Di Tudo Salvados, situada em Três Rios, no Rio de Janeiro, é acusada de ter repassado cerca de 800 toneladas de carne deteriorada, que deveria ter sido descartada, para um frigorífico, onde o produto foi tratado e vendido como se fosse nobre.

O escândalo veio à tona quando a própria empresa que havia adquirido a carne estragada procurou a polícia, alegando que o produto estava impróprio para consumo. Uma peça de picanha do mesmo lote foi identificada e ainda estava sendo comercializada por um dos frigoríficos envolvidos. Segundo as investigações, a carne foi lavada para remover resíduos de lama da enchente e embalada para disfarçar sua deterioração.

Além de carnes bovina, suína e de aves, a investigação revelou que a Tem Di Tudo Salvados também comercializava produtos vencidos, como medicamentos e testes de Covid, todos em condições inadequadas para uso. O material foi apreendido e inutilizado, sendo entregue a uma companhia de limpeza que utilizou cloro para desinfetar os itens.

A carne estragada foi distribuída para diversos frigoríficos e açougues em todo o Brasil, principalmente em Minas Gerais, sendo transportada em 32 carretas. Durante a investigação, foram encontrados lotes de carne com marcas que indicavam claramente que o produto havia sido submerso na enchente, comprometendo sua qualidade e segurança para o consumo.

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O delegado Wellington Vieira alertou sobre os riscos à saúde que essa venda de carne estragada poderia ter causado. “Quem consumiu essa carne correu risco de vida. Quando um produto fica debaixo d’água, as condições de deterioração são graves e oferecem risco iminente”, afirmou o delegado.

O esquema gerou lucros consideráveis para a Tem Di Tudo Salvados. Enquanto a carne de boa qualidade valia cerca de R$ 5 milhões, a empresa comprou as 800 toneladas de carne estragada por apenas R$ 80 mil. A investigação ainda busca identificar os responsáveis e as empresas que adquiriram o produto sem saber de sua procedência.

Os envolvidos podem enfrentar acusações de crimes como associação criminosa, adulteração e corrupção de alimentos, com abrangência em todo o território nacional. A polícia continua rastreando os compradores através de notas fiscais apreendidas e espera identificar todos os participantes do esquema de fraude alimentar.

Quatro pessoas foram presas em decorrência das investigações, que revelaram a extensão do esquema e o engano aplicado a consumidores e empresas em diversas partes do Brasil. A operação, que é parte de um esforço maior para combater fraudes alimentares, destaca a importância de uma fiscalização rigorosa no setor.

A polícia também investiga a origem da carne e como ela foi comercializada sem que os compradores soubessem de sua real procedência. O desafio agora é rastrear outras empresas que possam ter sido lesadas pela Tem Di Tudo Salvados e que adquiriram lotes de carne imprópria para consumo.

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