Crimes cibernéticos se tornam a principal preocupação de empresas em 106 países
Pesquisa da Allianz revela que 40% das empresas veem crimes cibernéticos como maior risco; Brasil se destaca na lista.
Uma pesquisa global realizada pelo grupo Allianz de seguros revelou que quatro em cada dez empresas consideram os crimes cibernéticos como sua principal preocupação. Este é o quarto ano consecutivo em que essa questão ocupa o topo da lista de riscos, com 36% dos empresários apontando a segurança digital como prioridade. Há uma década, apenas 12% das empresas viam esse tipo de ameaça como relevante.
O estudo, intitulado Allianz Risk Barometer, entrevistou 3.778 gestores de risco em 106 países, incluindo uma significativa participação de empresas brasileiras. De acordo com a pesquisa, 40% das respostas vieram de empresas de grande porte, com balanços superiores a 500 milhões de dólares, enquanto 30% foram de médias empresas e o restante de pequenas.
Os crimes cibernéticos, que incluem vazamentos de dados e falhas em sistemas, são a maior preocupação global, com uma média de 38% das citações. O Brasil, junto com Colômbia, Filipinas, Marrocos e África do Sul, também viu um aumento na percepção de risco neste setor, impulsionado pelo avanço das tecnologias de inteligência artificial. Setores como financeiro, telecomunicações, mídia e tecnologia estão entre os mais afetados.
Em segundo lugar na lista de preocupações, com 31% das menções, está a interrupção de negócios, um risco que se relaciona a eventos que podem impactar cadeias de suprimento e o comércio global. Essa preocupação tem se mantido nas duas primeiras posições ao longo da última década, refletindo eventos como a pandemia de 2020 e conflitos geopolíticos.
Nas Américas, empresários do México também destacaram a interrupção de negócios como um risco significativo, seguido de perto por catástrofes naturais. A interrupção de atividades comerciais afeta principalmente setores de energia, transportes, indústrias e turismo, com a necessidade de respostas rápidas e integradas sendo um fator crítico.
O terceiro fator de risco, com 31% das citações, são as catástrofes naturais, como inundações e incêndios. Esse tema, embora em ascensão, ainda é superado pelas preocupações com a segurança cibernética e a interrupção de negócios. As mudanças climáticas, por sua vez, foram citadas por 19% das empresas, mostrando um aumento na conscientização sobre o impacto ambiental.
Pablo Cabrera, gerente de Pesquisas de Risco na América Latina da Allianz, comentou sobre a interligação entre os riscos: “A interrupção dos negócios é uma consequência de muitos outros eventos, como desastres naturais ou ataques cibernéticos. No entanto, sempre foi identificada como uma categoria de risco independente desde a primeira pesquisa, há 14 anos.”
A insegurança jurídica e legislativa ocupa a quarta posição, com 25% das menções, refletindo mudanças nas regras nacionais e internacionais, especialmente em um ano eleitoral nos Estados Unidos, onde Donald Trump foi eleito. Outros riscos, como inflação e políticas econômicas, também estão entre as preocupações dos gestores.
Fechando o top 10 dos riscos globais, aparecem os riscos de explosões e incêndios, com 17%, e os riscos associados a novas tecnologias, com 10%. Cabrera destacou que as seguradoras estão constantemente ajustando seus produtos para atender às novas demandas de segurança, embora o desenvolvimento de soluções possa ser um processo demorado.
A pesquisa da Allianz serve como um importante termômetro para as empresas, indicando que a segurança cibernética deve continuar sendo uma prioridade para os gestores de risco em todo o mundo, especialmente em um cenário onde a dependência da tecnologia cresce a cada dia.
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