Discussões acirradas nas redes sociais marcam a ordem do governo para retirar algemas de deportados brasileiros vindos dos EUA.
26 de Janeiro de 2025 às 19h59

Guerra de narrativas sobre deportados gera embate entre políticos brasileiros

Discussões acirradas nas redes sociais marcam a ordem do governo para retirar algemas de deportados brasileiros vindos dos EUA.

O debate entre políticos governistas e oposicionistas nas redes sociais ganhou novos contornos nos últimos dias, impulsionado pela ordem do governo brasileiro para a retirada de algemas e correntes dos brasileiros deportados pelos Estados Unidos, após entrarem ilegalmente no país norte-americano.

O assunto, que ganhou destaque na sexta-feira, 24, provocou uma troca intensa de narrativas. Políticos alinhados ao governo Lula elogiaram a decisão, atribuindo a responsabilidade pela situação ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump, enquanto oposicionistas, especialmente bolsonaristas, acusaram a esquerda de hipocrisia, lembrando que os deportados estavam em um voo que ainda era parte da gestão de Joe Biden, que deixou a presidência no dia 20 de janeiro.

A deportação em massa de imigrantes ilegais foi uma das principais promessas de campanha de Trump. O voo que trouxe 158 deportados ao Brasil, incluindo 88 brasileiros, é parte de um processo que já estava em andamento antes da posse do republicano, durante a administração de Biden.

Os deportados que chegaram a Manaus relataram maus-tratos por parte de agentes americanos durante a viagem. Na capital amazonense, a aeronave fez um pouso de emergência devido a problemas técnicos. Após a chegada, as autoridades brasileiras determinaram a retirada das algemas e correntes, e a maioria dos deportados foi transferida no sábado para o aeroporto de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, em um voo da Força Aérea Brasileira.

O Itamaraty criticou os Estados Unidos por descumprir acordos relacionados aos voos de deportação, alegando uso “indiscriminado” de algemas. Até o momento, a Embaixada americana não se manifestou sobre o ocorrido.

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Do lado da oposição, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) comparou, em postagem na rede social X, as reações da esquerda em relação aos deportados com a postura em relação a condenados pelos ataques de 8 de janeiro. Ele afirmou: “Os mesmos que celebram penas de até 17 anos de cadeia para mães de família e senhoras como Iraci Nagashi, de 71 anos, agora se dizem compadecer com deportados. Mas mais uma vez trata-se de sinalização de virtude e seleção de fatos convenientes, pois destes 3.660 aqui nem um pio”.

Os mesmos que celebram penas de até 17 anos de cadeia para mães de família e senhoras como Iraci Nagashi, de 71 anos, agora se dizem compadecer com deportados. Mas mais uma vez trata-se de sinalização de virtude + seleção de fatos convenientes, pois destes 3.660 aqui nem um pio.

— Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP)

Outro filho do ex-presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (RJ), também se manifestou, afirmando que “a hipocrisia da esquerda é algo absolutamente inerente à condição mental anormal chamada esquerdismo”. Ele acrescentou que a questão é a incapacidade de perceber contradições, afirmando: “Quando a democracia é relativa, tudo é relativo!”.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) republicou uma mensagem de um usuário que questionava por que a esquerda condenou a prática apenas agora.

Entre os governistas, além de protestos sobre a situação, houve críticas a aliados de Bolsonaro que apoiaram Trump. O deputado federal José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, disparou: “Enquanto 88 brasileiros eram expulsos dos EUA, políticos bolsonaristas comemoravam a posse de Trump. Lula proibiu algemas e garantiu avião da FAB para resgatar os deportados. Já a extrema-direita brasileira? Preferiu celebrar quem quer humilhar nosso povo.”

A deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) questionou se a família Bolsonaro compactua com as violências e humilhações que Trump impôs a famílias brasileiras, perguntando diretamente: “A pergunta é bem simples: @Mi_Bolsonaro e @BolsonaroSP estão ao lado dos brasileiros ou de Trump?”.

O deputado Alencar Santana (PT-SP) também criticou os oposicionistas, afirmando: “Deportados x Deputados bolsonaristas. Enquanto alguns brasileiros eram agredidos, algemados, acorrentados, ameaçados e torturados, alguns autodenominados ‘patriotas’ faziam dancinhas para bajular o governo do responsável pelos maus tratos aos seus conterrâneos.”

Ministros do governo elogiaram a atuação das autoridades brasileiras e alfinetaram os bolsonaristas. Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, disse que é “vergonhoso e deprimente vermos uma minoria, mas ainda assim ‘representantes’ de nosso gigante pela própria natureza se subjugando ao arroubo, negacionismo ambiental, científico, bravatas e até mesmo à Paz global”.

Realmente dias estranhos. Vergonhoso e deprimente vermos uma minoria, mas ainda assim ‘representantes’ de nosso gigante pela própria natureza se subjugando ao arroubo, negacionismo ambiental, científico, bravatas e até mesmo à Paz global.

— Alexandre Silveira (@asilveiramg)

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