Defesa de Jair Bolsonaro critica vazamentos sobre delaçãode Mauro Cid e investigações 'semissecretas'
Advogados do ex-presidente afirmam que vazamentos prejudicam direito à ampla defesa em investigações.
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) manifestou sua indignação em relação ao que classificou como "vazamentos seletivos" da delaçãode Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O primeiro depoimento do tenente-coronel, que ocorreu no âmbito de sua colaboração premiada, foi divulgado neste domingo (26) e gerou críticas por parte dos advogados do ex-presidente.
Em nota oficial, a equipe de defesa de Bolsonaro destacou que, enquanto a integralidade da colaboração de Cid não é acessível, partes dela têm sido amplamente divulgadas na mídia. “A defesa do presidente Bolsonaro, tendo tomado conhecimento da divulgação de trechos da colaboração premiada do Ten Cel Art Mauro Cid, manifesta sua indignação diante de novos 'vazamentos seletivos', assim como seu inconformismo diante do fato de que, enquanto lhe é sonegado acesso legal à integralidade da referida colaboração, seu conteúdo, por outro lado, veio e continua sendo repetidamente publicizado em veículos de comunicação”, afirmaram os advogados.
Os advogados Paulo Cunha Bueno, Daniel Tesser e Celso Vilardi também se referiram às investigações como "semissecretas", alegando que a defesa tem acesso seletivo a informações, o que impede uma compreensão total dos elementos de prova. “Essas investigações são incompatíveis com o Estado Democrático de Direito, que nosso ordenamento busca preservar”, completaram.
O conteúdo da delaçãode Cid inclui detalhes sobre os grupos que atuavam ao redor de Bolsonaro após a derrota nas eleições de 2022. O tenente-coronel relatou que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, faziam parte da ala mais radical do círculo próximo a Jair Bolsonaro.
Além disso, a Polícia Federal indiciou Bolsonaro e outras 39 pessoas por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. Segundo a PF, foi identificada uma "organização criminosa que atuou de forma coordenada, em 2022, na tentativa de manutenção do então presidente da República no poder".
No depoimento, Cid destacou que havia divisões internas entre os apoiadores de Bolsonaro. Um grupo, classificado como "conservador", defendia que o ex-presidente se consolidasse como um líder de oposição, enquanto outro, denominado "moderado", se opunha a qualquer forma de golpe armado. A terceira facção, composta por "radicais", estava dividida entre aqueles que buscavam evidências de fraude nas urnas e os que defendiam um golpe militar.
A defesa de Bolsonaro enfatizou que os vazamentos prejudicam o direito do ex-presidente à ampla defesa, um princípio fundamental do Estado de Direito. Os advogados reiteraram que a transparência nas investigações deve ser garantida a todos os envolvidos, sem privilégios ou discriminações.
O ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, prestou diversos depoimentos desde a homologação de sua colaboração premiada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em setembro de 2023. A expectativa é que novos detalhes sobre o conteúdo da delaçãode Cid continuem a surgir nas próximas semanas, à medida que as investigações avançam.
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