Delação de Mauro Cid revela suposto envolvimento de Michelle e Eduardo Bolsonaro em golpe
Ex-primeira dama e deputado federal foram citados como instigadores de um golpe de Estado, segundo depoimento de Mauro Cid.
A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foram citados na delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid como integrantes de um grupo que teria instigado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a dar um golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022. A informação foi divulgada pelo jornalista Elio Gaspari em veículos de comunicação de grande circulação.
Conforme o relato de Cid, que ocorreu em agosto de 2023, Michelle e Eduardo estavam entre os membros de um grupo considerado radical, que acreditava que Bolsonaro contava com o apoio popular e de caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) para realizar a ruptura democrática. Outros integrantes desse grupo incluíam figuras como Onyx Lorenzoni e Gilson Machado.
O ex-ajudante de ordens explicou à Polícia Federal (PF) que o ex-presidente se cercou de conselheiros com perfis variados: radicais, conservadores e moderados. O grupo moderado, que se opunha a qualquer tentativa de golpe, era composto por generais da ativa, como o comandante do Exército, general Freire Gomes, e o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
A delação de Cid, homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também implicou Bolsonaro em supostos crimes de peculato e lavagem de dinheiro. Cid confirmou a existência do chamado “gabinete do ódio”, uma estrutura dentro do governo destinada a criar conteúdo que atacava instituições democráticas, como o STF.
Outro ponto relevante mencionado por Cid foi a venda de um relógio Rolex e outras joias recebidas como presentes oficiais pela Arábia Saudita. Segundo ele, Bolsonaro teria dado ordens para que os itens fossem vendidos, visando evitar o rastreamento dos valores.
A repercussão das declarações de Cid gerou especulações sobre o futuro político de Michelle e Eduardo. Ambos são cogitados como possíveis candidatos às eleições de 2026, especialmente considerando que Jair Bolsonaro está inelegível. O ex-presidente, em entrevistas, elogiou as qualidades de Eduardo e indicou que Michelle poderia ser uma boa opção para o Senado.
Recentes levantamentos eleitorais apontam que Michelle poderia empatar com o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um hipotético segundo turno em 2026. Eduardo, por sua vez, afirmou que “se sacrificaria” por uma candidatura à presidência, embora tenha reiterado que seu apoio continua sendo para Jair Bolsonaro.
As informações sobre o suposto envolvimento de Michelle e Eduardo em um plano golpista levantam questões sobre a dinâmica política futura no Brasil, especialmente em um cenário onde a polarização continua a ser um tema central. A investigação da PF sobre a tentativa de golpe já resultou em mais de 40 indiciamentos, incluindo pessoas próximas a Bolsonaro.
Procurados para comentar as declarações, tanto Jair quanto Michelle Bolsonaro não responderam aos contatos da imprensa. O espaço permanece aberto para manifestações dos citados.
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