Andrei Rodrigues comentou sobre a investigação e a delação premiada de Mauro Cid em entrevista recente.
28 de Janeiro de 2025 às 15h05

Diretor da Polícia Federal afirma que não há provas contra Michelle e Eduardo Bolsonaro

Andrei Rodrigues comentou sobre a investigação e a delação premiada de Mauro Cid em entrevista recente.

O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, declarou nesta segunda-feira, 27, que não existem elementos suficientes para indiciar a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Rodrigues fez essas afirmações durante uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, onde comentou sobre a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que atuou como ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Cid mencionou os dois em seu depoimento, mas o diretor da PF enfatizou que não foram encontrados elementos adicionais que comprovassem a participação direta deles no caso.

“A investigação apontou elementos relacionados a outras pessoas, mas, no caso concreto, não encontramos provas que confirmassem a participação dessas duas pessoas”, explicou Rodrigues. Ele ressaltou que a apuração segue rigorosamente as normas legais e que a PF não investiga para culpar, mas sim para buscar a verdade.

No depoimento de Cid, que foi tornado público recentemente, foi mencionado que Michelle e Eduardo Bolsonaro estariam ligados a um grupo considerado “mais radical” que teria incentivado o ex-presidente a considerar ações extremas para permanecer no poder. No entanto, Rodrigues destacou que a categorização de um grupo como radical ou moderado não tem implicações jurídicas diretas no processo.

“É fundamental entender qual foi a efetiva participação das pessoas para que possamos determinar a configuração criminal e a ação criminosa”, afirmou o diretor-geral. Ele também comentou sobre a diferença de tempo entre as investigações relacionadas aos eventos de 8 de janeiro e o caso que envolve Bolsonaro, explicando que os atos do dia 8 tinham “autoria e materialidade comprovados”.

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Rodrigues evitou fazer previsões sobre uma possível prisão do ex-presidente, afirmando que qualquer investigado pode estar sujeito a medidas cautelares determinadas por decisões judiciais. “A Polícia Federal cumprirá o que está na lei e nos regramentos técnicos e jurídicos”, garantiu.

Além disso, o diretor da PF defendeu a necessidade de regulamentação das redes sociais, afirmando que as plataformas devem ter normas claras para evitar que sejam utilizadas como “terra de ninguém” para a prática de crimes. “O que é crime no mundo real também é crime no virtual”, argumentou.

Rodrigues também comentou sobre o tratamento dado a brasileiros deportados dos EUA, que desembarcaram no Brasil algemados e com correntes nos pés. Ele criticou essa abordagem, afirmando que não havia justificativa para tal medida, uma vez que os deportados não eram presidiários e não representavam risco.

O governo brasileiro reagiu rapidamente ao incidente, ordenando a retirada das algemas no aeroporto e garantindo alimentação e água aos deportados. O Itamaraty convocou o representante dos EUA no Brasil para prestar esclarecimentos sobre o caso.

“É inadmissível que cidadãos brasileiros, ao retornarem ao próprio país, sejam tratados dessa forma”, concluiu Rodrigues, enfatizando a importância do respeito à dignidade e aos direitos humanos.

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