Pedidos de recuperação judicial no Brasil atingem recorde em 2024, diz Serasa
Com 2.273 solicitações, aumento foi de 61,8% em relação ao ano anterior; falências caíram 3,5%
O Brasil registrou um número recorde de pedidos de recuperação judicial em 2024, com 2.273 empresas solicitando a reorganização de suas dívidas, segundo dados da Serasa Experian. Esse total representa um aumento de 61,8% em comparação a 2023, quando 1.405 empresas buscaram esse recurso.
Este é o maior volume de recuperações judiciais já registrado na série histórica da Serasa, superando o pico anterior de 2016, que contabilizou 1.863 pedidos. A economista da Serasa, Camila Abdelmalack, comentou sobre o cenário econômico desafiador: “Embora o ambiente econômico estivesse aquecido em 2024, o Brasil enfrenta uma taxa de juros bastante restritiva. Para as empresas que entram em inadimplência e não conseguem reverter essa situação, o instrumento de recuperação judicial auxilia na reorganização, evitando assim a falência”.
A recuperação judicial permite que as empresas renegociem suas dívidas com os credores, oferecendo descontos que podem chegar a 90% do valor original, além de prazos de pagamento mais flexíveis. Em contraste, a falência é decretada quando as empresas não conseguem mais cumprir suas obrigações financeiras.
Com exceção dos anos da pandemia de Covid-19, em que houve uma queda no número de pedidos devido a renegociações e pausas nas dívidas, a média de solicitações de recuperação judicial no Brasil geralmente não ultrapassa 1.400 por ano.
O setor de serviços foi o mais afetado em 2024, concentrando 40,8% dos pedidos de recuperação. Em seguida, vieram o comércio, com 25,3%, o setor primário, com 18,6%, e a indústria, com 15,2%.
O levantamento da Serasa também revelou que as micro e pequenas empresas foram as mais prejudicadas, totalizando 1.676 pedidos, o que representa um aumento de 78,4% em relação ao ano anterior. As empresas de médio e grande porte registraram 416 e 181 pedidos, respectivamente.
Além dos altos juros, outros fatores como a menor oferta de crédito, a inadimplência e a valorização do dólar contribuíram para o aumento das dívidas, dificultando o pagamento e gerando um ciclo de dificuldades financeiras para as empresas.
Por outro lado, o número de falências no Brasil apresentou uma queda de 3,5% em 2024, com 949 empresas encerrando suas atividades por insolvência. As micro e pequenas empresas foram novamente as mais afetadas, com 578 falências, seguidas por empresas de médio porte (189) e grandes (182).
O setor de serviços também foi o mais impactado pelas falências, com 416 empresas fechando as portas. O comércio e a indústria registraram 292 e 238 falências, respectivamente, enquanto apenas três empresas do setor primário tiveram suas falências decretadas.
Os dados sobre falências e recuperações judiciais são coletados pela Serasa Experian a partir de levantamentos mensais das estatísticas de fóruns, varas de falências e Diários Oficiais e da Justiça nos estados.
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