Dados revelam que quase 1,5 milhão de pessoas têm ordens de deportação nos Estados Unidos, incluindo brasileiros.
29 de Janeiro de 2025 às 15h24

Cerca de 38 mil brasileiros enfrentam risco de deportação nos EUA

Dados revelam que quase 1,5 milhão de pessoas têm ordens de deportação nos Estados Unidos, incluindo brasileiros.

Atualmente, cerca de 1,5 milhão de pessoas possuem ordens de deportação nos Estados Unidos, das quais aproximadamente 38 mil são brasileiros, conforme informações do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) referentes a novembro de 2024.

Esses números se referem a cidadãos não americanos que não estão detidos e que já tiveram seus casos analisados por pelo menos um juiz americano. A pesquisa revela que esses indivíduos violaram as leis de imigração do país.

Uma análise realizada pelo Pew Research Center, divulgada em julho, aponta que em 2022 havia cerca de 11 milhões de imigrantes em situação irregular nos EUA. Desses, 230 mil eram oriundos do Brasil, um aumento significativo em comparação à década anterior. O Itamaraty estima que, no ano passado, cerca de 2 milhões de brasileiros estavam nos Estados Unidos, sem especificar o status legal desses cidadãos.

No último ano, 1.859 imigrantes brasileiros foram deportados do território americano. Mesmo após a expulsão, existem caminhos legais que permitem o retorno desses indivíduos ao país.

O advogado André Linhares, que atua em Miami em questões de imigração, explica que os 38 mil brasileiros nessa situação podem ser detidos e expulsos. Segundo ele, “isso significa que eles já passaram por um processo de deportação e têm uma ordem de deportação formal”.

A questão da deportação de imigrantes ganhou destaque na última sexta-feira, 24 de janeiro, quando um grupo de 88 brasileiros deportados chegou a Manaus. Imagens mostraram que muitos deles estavam algemados, o que contraria os acordos estabelecidos entre Washington e Brasília. Vários deportados relataram ter sofrido agressões e maus-tratos por parte das autoridades americanas, além de condições precárias durante o voo, como a falta de ar condicionado e dificuldades para solicitar permissão para ir ao banheiro.

Em resposta a essas situações, representantes da chancelaria brasileira defenderam a atualização do acordo de deportação, visando evitar que os imigrantes cheguem ao Brasil algemados. Além disso, solicitaram que os EUA investiguem as denúncias feitas pelos deportados.

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O documento que contém os dados sobre os 38 mil brasileiros sob ordem de deportação também destaca que o ICE não consegue listar todas as razões pelas quais não consegue remover do país pessoas com esse status legal.

O ICE menciona que os imigrantes têm o direito de buscar recursos contra a deportação, como a solicitação de asilo ou proteção pela Convenção Contra a Tortura, um tratado internacional adotado pela ONU em 1984 e ratificado por diversos países, incluindo o Brasil. Nesses casos, a deportação não pode ser realizada.

A agência também reclama da falta de cooperação de países estrangeiros para efetivar as deportações, citando 15 nações, entre as quais o Brasil não está incluído.

O governo dos EUA solicita que os países confirmem a cidadania de não cidadãos americanos suspeitos de serem seus nacionais, o que inclui a realização de entrevistas e a emissão de documentos de viagem de forma oportuna, conforme as diretrizes de remoção do ICE.

Durante seu mandato, o ex-presidente Donald Trump prometeu realizar a maior operação de deportação em massa da história dos Estados Unidos. Contudo, especialistas duvidam que ele conseguisse expulsar todos os imigrantes em situação irregular no país.

Em seu primeiro mandato, Trump deportou 1,5 milhão de imigrantes. Realizar uma operação de deportação em larga escala poderia acarretar sérios impactos econômicos para os Estados Unidos.

De acordo com o American Immigration Council, um grupo de defesa dos imigrantes, o custo para prender, deter e deportar todos os 13,3 milhões de imigrantes que vivem nos EUA ilegalmente ou sob um status temporário revogável seria de aproximadamente US$ 315 bilhões (equivalente a R$ 1,8 trilhão).

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