A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, atribui aumento da Selic ao ex-presidente do BC, Campos Neto.
29 de Janeiro de 2025 às 21h54

Gleisi Hoffmann critica aumento da Selic e culpa gestão anterior do BC

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, atribui aumento da Selic ao ex-presidente do BC, Campos Neto.

BRASÍLIA — A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, manifestou sua insatisfação em relação à decisão do Banco Central (BC) de elevar a taxa Selic em um ponto percentual, alcançando 13,25% ao ano. A medida foi anunciada durante reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira, 29 de janeiro.

Hoffmann atribuiu a responsabilidade pelo aumento à orientação deixada por Roberto Campos Neto, que presidiu o BC até o início deste mês. A nova gestão, liderada por Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enfrenta o desafio de lidar com as consequências dessa decisão.

A crítica da deputada se baseia em uma ata do Copom, elaborada sob a direção de Campos Neto, que sinalizava uma tendência de alta nas taxas de juros para as reuniões seguintes. Gleisi declarou: “O novo aumento da taxa básica de juros, já determinado desde dezembro pela direção anterior do Banco Central, é péssimo para o país e não encontra qualquer explicação nos fundamentos da economia real”.

Ela também destacou que a decisão do Copom, que foi unânime e apoiada por diretores indicados pelo governo Lula, não deixa muitas alternativas ao novo presidente do BC. “Neste momento, sabemos que não resta muita alternativa ao novo presidente do BC, Gabriel Galípolo. Restam desafios para reposicionar as expectativas do mercado e a orientação da instituição que dirige”, completou.

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O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias, também criticou a decisão, descrevendo-a como resultado de uma “armadilha criada por Roberto Campos Neto”. Ele afirmou que Galípolo não tinha muitas opções para mudar essa trajetória, sem provocar uma crise significativa. “O grande desafio da nova gestão é sair dessa armadilha”, disse Farias.

Além disso, Gleisi Hoffmann alertou que o aumento da Selic encarecerá a dívida pública e dificultará o acesso ao crédito para famílias endividadas, o que pode restringir o crescimento da atividade econômica. Ela questionou a eficácia do aumento da taxa de juros no controle da inflação, afirmando que “nem mesmo os agentes do mercado acreditam na apregoada eficácia anti-inflacionária da política contracionista imposta ao país”.

O Boletim Focus, divulgado na mesma semana, projetou uma inflação de 5,5% para 2025, o que contraria a expectativa de que a alta dos juros levaria à redução da inflação.

A decisão do Copom de elevar a Selic foi anunciada após uma reunião que teve a participação unânime dos diretores, e marca a primeira ação sob a nova presidência de Galípolo. Ele assumiu a função em um momento de transição e desafios significativos para a política monetária brasileira.

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