Com alta de quase 40% em 2024, o café chega a US$ 3,665 por libra-peso, o maior valor em 50 anos.
30 de Janeiro de 2025 às 14h42

Preço do café atinge recorde histórico e pressiona inflação no Brasil

Com alta de quase 40% em 2024, o café chega a US$ 3,665 por libra-peso, o maior valor em 50 anos.

O café, um dos produtos mais consumidos pelos brasileiros, tem sido um dos principais responsáveis pela inflação nos últimos meses. Na última quarta-feira (29), o preço da commodity atingiu o maior valor nominal em quase 50 anos, fechando o dia cotado a US$ 3,665 por libra-peso na Bolsa de Nova York (ICE), referência global para os preços do café arábica.

Esse aumento expressivo reflete uma escalada de preços que começou a se intensificar ao longo de 2024, quando o preço médio do café torrado e moído subiu mais de 40%. Em janeiro de 2024, o quilo do produto custava em média R$ 29,62, enquanto em dezembro de 2023, o mesmo produto era vendido a R$ 42,65.

Entre os fatores que explicam essa alta, destacam-se as adversidades climáticas que afetaram as últimas safras, resultando em baixos estoques na indústria. Além disso, o Brasil, como maior produtor e exportador mundial de café, registrou um aumento de 28% nas exportações, totalizando 50,4 milhões de sacas em 2024.

Em comparação, há pouco mais de um ano, em outubro de 2023, o preço do café estava em apenas US$ 1,693, menos da metade do valor atual. Essa diferença significativa demonstra a pressão que o produto exerce sobre o orçamento das famílias brasileiras.

As previsões para os próximos meses indicam que a alta deve continuar, especialmente nos primeiros três meses de 2025. Associações de produtores já anunciaram novos reajustes, uma vez que se espera uma colheita fraca devido às secas que atingiram as principais regiões produtoras no ano passado.

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O cenário não é exclusivo do Brasil. O Vietnã, outro grande produtor, também enfrenta problemas climáticos que podem impactar ainda mais a oferta global de café. Assim, a commodity, que já é a segunda mais negociada no mundo, atrás apenas do petróleo, continua em evidência no mercado internacional.

Com a alta dos preços, os brasileiros sentem diretamente os impactos no bolso, e a expectativa é que o café continue pressionando a inflação nos próximos meses. Pavel Cardoso, presidente da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), afirma que “a indústria segue repassando alguma coisa agora ainda em fevereiro e março, de maneira muito responsável”.

No campo, a situação também é preocupante. A estiagem que afetou as regiões produtoras em 2024 comprometeu a colheita deste ano. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção de café no Brasil para o ciclo de 2024 será de 54,2 milhões de sacas, uma queda de 2% em relação à safra anterior, e para 2025, a previsão é ainda mais baixa, com 51,8 milhões de sacas.

Vanusia Nogueira, diretora-executiva da Organização Internacional do Café (OIC), ressalta que, mesmo que as safras em outros países, como Vietnã e Colômbia, melhorem, os preços não devem voltar aos patamares de 2023, quando a saca era vendida a cerca de R$ 800,00. “Os preços para os produtores estavam muito baixos e não estavam dando para o produtor uma renda mínima necessária para viver”, explica.

O cenário atual sugere que, se 2025 transcorre sem grandes adversidades climáticas, a situação pode melhorar apenas no segundo semestre, quando o mercado já terá precificado as questões relacionadas às colheitas e chuvas.

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