Profissionais de comunicação criticam uso do órgão para promoção pessoal e falta de transparência.
31 de Janeiro de 2025 às 19h28

Servidores do IBGE publicam manifesto contra gestão de Marcio Pochmann

Profissionais de comunicação criticam uso do órgão para promoção pessoal e falta de transparência.

Um grupo de servidores da área de comunicação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na última sexta-feira, 31, um manifesto com 211 assinaturas em protesto contra a gestão do atual presidente, Marcio Pochmann. O documento, inédito na história do órgão, critica a utilização dos canais de comunicação do IBGE para promover a imagem do presidente em detrimento da divulgação de informações essenciais sobre as pesquisas realizadas pelo instituto.

Os profissionais afirmam que as iniciativas de Pochmann têm priorizado uma “avalanche” de notícias sobre sua gestão, ofuscando dados relevantes como os indicadores econômicos do país, incluindo PIB, inflação e desemprego, além dos resultados do aguardado Censo 2022. “As divulgações sobre o PIB, a inflação e o desemprego tiveram que ceder espaço à avalanche de notícias sobre a gestão Pochmann”, diz o manifesto.

Os servidores destacam que os comunicadores trazidos por Pochmann se sobrepuseram aos funcionários de carreira, criando uma dinâmica que saturou a presença do IBGE nas redes sociais e na internet. “O trabalho dos profissionais de comunicação do IBGE é traduzir os resultados de nossas pesquisas para uma linguagem acessível ao cidadão comum”, afirmam, criticando a promoção pessoal que, segundo eles, desrespeita a essência dos institutos oficiais de estatísticas.

Além disso, o manifesto aponta que a gestão de Pochmann mantém uma relação hostil com a imprensa, limitando-se a responder questionamentos por meio de notas tardias publicadas no portal do IBGE. “Pochmann, ao contrário de quase todos os que o antecederam, até hoje não deu uma coletiva para a imprensa que cobre o IBGE rotineiramente, preferindo falar com correspondentes estrangeiros e veículos escolhidos sem transparência”, criticam os servidores.

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Os trabalhadores também mencionam que as viagens realizadas por Pochmann para divulgar um novo plano de trabalho não incluíram o Rio de Janeiro, onde está localizada a sede do IBGE e a maioria de seus servidores. “Essas turnês oportunistas pelo país geram gastos excessivos com passagens e diárias, quando poderiam ser realizadas de forma mais econômica, através de videoconferências”, afirmam.

O manifesto ressalta que a sobrecarga de trabalho gerada pela quantidade de matérias sobre a gestão de Pochmann tem prejudicado a divulgação de indicadores fundamentais, como a produção industrial e a prestação de serviços. “Além de obliterar a função mais importante do IBGE, que é informar a sociedade brasileira sobre sua realidade, essas notícias paralelas têm gerado uma enorme sobrecarga de tarefas para jornalistas e demais profissionais de comunicação do Instituto”, afirmam.

Os servidores ainda criticam a nomeação direta de assessores que atuam na comunicação do IBGE, afirmando que se tratam de profissionais com funções pessoais, ocupando cargos públicos e recebendo remuneração com dinheiro público. “Esses assessores têm gerado um clima de autoritarismo e desrespeito entre os servidores de carreira”, afirmam.

O manifesto conclui com um apelo à solidariedade entre os profissionais do IBGE, especialmente aqueles que pediram exoneração de cargos de direção em protesto contra a atual gestão. “Nos solidarizamos com os colegas que protestaram contra os desmandos da atual gestão e com a ASSIBGE, nosso sindicato”, finalizam os comunicadores.

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