Decisão foi anunciada em nota conjunta do Ministério do Planejamento e do IBGE, que enfrenta protestos de servidores.
29 de Janeiro de 2025 às 16h50

Governo suspende Fundação IBGE+ em meio a crise interna no instituto

Decisão foi anunciada em nota conjunta do Ministério do Planejamento e do IBGE, que enfrenta protestos de servidores.

BRASÍLIA - O Ministério do Planejamento e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciaram nesta quarta-feira (29) a suspensão temporária da Fundação IBGE+, uma iniciativa que gerou uma crise interna significativa no instituto. A decisão foi divulgada em uma nota conjunta, em um dia marcado por protestos de servidores em frente à sede do IBGE, localizada no Rio de Janeiro.

Segundo a nota, a suspensão foi decidida em comum acordo, com o objetivo de mapear modelos alternativos que possam exigir alterações legislativas. “Isso requererá um diálogo franco e aberto com o Congresso Nacional”, afirmaram os órgãos. O IBGE, que possui autonomia administrativa, é subordinado ao Ministério do Planejamento e, por isso, receberá apoio orçamentário para a realização do Censo Agropecuário, Florestal e Aquícola, previsto para 2025.

A Fundação IBGE+, proposta pelo presidente do instituto, Marcio Pochmann, foi criada com a intenção de ampliar as fontes de recursos e desenvolver institucionalmente o IBGE. No entanto, a proposta foi recebida com resistência por parte dos servidores, que a apelidaram de “IBGE paralelo”. O sindicato dos trabalhadores do instituto alegou que a criação da fundação não passou por discussões internas adequadas.

O clima no IBGE se deteriorou nos últimos meses, resultando na saída de quatro diretores devido a problemas de relacionamento com Pochmann. A insatisfação entre os servidores se intensificou, culminando em uma carta solicitando a exoneração do presidente do instituto. A nota do ministério ressalta que o IBGE é um “órgão basilar na geração e na análise de dados referentes ao Brasil”, produzindo informações essenciais para diversos setores do governo e da sociedade civil.

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A criação da Fundação IBGE+ tinha como objetivo levantar fundos não apenas do orçamento federal, mas também de ministérios, bancos públicos e autarquias, com a finalidade de financiar pesquisas e outros projetos. Contudo, a falta de diálogo interno e a ausência de autorização legal para a sua implementação geraram preocupações sobre a autonomia do IBGE.

Na nota divulgada, o ministério e o IBGE afirmaram que o apoio orçamentário será fundamental para a realização do Censo Agropecuário, Florestal e Aquícola, que envolve treinamento e contratações, entre outras atividades. A expectativa é que a nova política de inovação do IBGE, que está sendo elaborada, possa contribuir para a superação dos desafios enfrentados pelo instituto.

O IBGE já foi reconhecido como Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT) e, como tal, está se preparando para implementar sua Política de Inovação, que incluirá a formação de um comitê com servidores de todas as diretorias e superintendências. Essa iniciativa visa fortalecer a estrutura interna do instituto e melhorar a gestão de dados estatísticos no Brasil.

Os protestos realizados pelos servidores refletem a insatisfação com a atual gestão e a necessidade de um ambiente de trabalho mais colaborativo e transparente. A situação atual do IBGE é um reflexo das tensões entre a administração e os funcionários, que buscam garantir a integridade e a credibilidade das estatísticas produzidas pelo instituto.

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