Maria do Carmo Dias Bueno e Gustavo de Carvalho Cayres da Silva assumem a Diretoria de Geociências do IBGE
24 de Janeiro de 2025 às 15h45

IBGE anuncia novos diretores em meio a crise interna e descontentamento de servidores

Maria do Carmo Dias Bueno e Gustavo de Carvalho Cayres da Silva assumem a Diretoria de Geociências do IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na quinta-feira (23) a nomeação de dois novos diretores para a Diretoria de Geociências, em um momento marcado por uma crise interna que já perdura há meses. A servidora Maria do Carmo Dias Bueno assume a posição de diretora, substituindo Ivone Lopes Batista, enquanto Gustavo de Carvalho Cayres da Silva assume a diretoria-adjunta, no lugar de Patricia do Amorim Vida Costa.

As mudanças ocorrem após a saída de outros diretores, que deixaram seus cargos em decorrência de desentendimentos com a atual gestão, liderada por Márcio Pochmann, economista indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A troca de diretores é vista como uma tentativa de estabilizar a estrutura do IBGE, que enfrenta um ambiente de trabalho considerado “deteriorado” por muitos servidores.

Maria do Carmo, que anteriormente ocupava o cargo de coordenadora-geral-adjunta do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDD), e Gustavo Cayres, que atuava na gerência do Cadastro de Endereços, foram escolhidos para liderar a área em meio a um clima de incertezas e insatisfações.

O clima de tensão no IBGE aumentou após Pochmann anunciar a criação da Fundação IBGE+, uma proposta que gerou controvérsia entre os servidores, que temem que a nova entidade comprometa a autonomia do instituto ao produzir pesquisas para o setor privado. O sindicato dos servidores, Assibge, criticou a falta de diálogo sobre a fundação e alega que a proposta foi imposta sem discussões adequadas.

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Recentemente, uma carta assinada por gerentes e coordenadores do IBGE denunciou que o ambiente de trabalho está “deteriorado” e que existem “sérias dificuldades” para que as lideranças desempenhem suas funções. Os gerentes pedem maior diálogo com a administração e a revisão de projetos, especialmente em relação à Fundação IBGE+.

O descontentamento entre os servidores se intensificou com a exigência da direção do IBGE para que o sindicato retire a sigla IBGE do seu nome. A Assibge, que representa os trabalhadores do instituto, considera essa medida uma tentativa de silenciar a voz dos servidores e de deslegitimar a representação sindical.

Em meio a essa turbulência, Pochmann divulgou uma carta defendendo a criação da Fundação IBGE+ e acusou o sindicato de desinformação. A resposta do IBGE às críticas tem sido de que o instituto é alvo de “mentiras” e que as mudanças são necessárias para a modernização e eficiência da instituição.

As recentes exonerações e mudanças na diretoria refletem um cenário de instabilidade que afeta a imagem do IBGE, um dos principais órgãos de pesquisa e estatística do Brasil. A situação atual levanta preocupações sobre a capacidade do instituto de manter sua independência técnica e administrativa, especialmente em um contexto de crescente pressão política e econômica.

Com a nova equipe de diretores, o IBGE espera restabelecer a confiança interna e externa, além de buscar um caminho para resolver as divergências que têm afetado o funcionamento do órgão. A transição de liderança está prevista para ocorrer a partir da próxima semana.

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