Cida Gonçalves afirmou que atende a primeira-dama e ao presidente, mas ignora outros ministros, segundo gravação.
25 de Fevereiro de 2025 às 14h32

Ministra das Mulheres admite interromper compromissos para atender Janja e Lula

Cida Gonçalves afirmou que atende a primeira-dama e ao presidente, mas ignora outros ministros, segundo gravação.

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, revelou a assessores que interrompe suas agendas para atender a primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, e também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além do ministro da Casa Civil, Rui Costa. A declaração foi feita em uma gravação divulgada pelo jornal ‘O Estado de S. Paulo’ e está sob análise da Comissão de Ética da Presidência da República (CEP).

Durante a conversa, Cida afirmou: “Na hora que estou com tudo organizado e o presidente chama, a Janja chama, o Rui chama, tem que deixar tudo. Os únicos que eu consigo enrolar são o Márcio e o Padilha, os outros eu não consigo. Isso se chama hierarquia, respeito à autoridade.” A ministra se referia a Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, e Márcio Macedo, da Secretaria-Geral da Presidência.

O Ministério das Mulheres, em resposta à reportagem, negou que haja um tratamento diferenciado para a primeira-dama. A pasta ressaltou que a amizade entre Cida e Janja é anterior à eleição de Lula e que ambas têm um histórico de articulação política em prol dos direitos das mulheres. A nota também enfatizou que não existe prioridade em relação a outros ministros, uma vez que as pautas tratadas são distintas.

“É importante destacar que a ministra e a primeira-dama possuem relações pessoais e profissionais que antecedem a eleição do presidente Lula e sua indicação ao ministério. A ministra não teve acesso aos áudios e não se recorda do teor das conversas, que foram em tom descontraído e informal”, afirmou a pasta.

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A gravação em questão faz parte de uma investigação sobre denúncias de assédio moral contra Cida Gonçalves, que foram arquivadas pela CEP. A ministra também é acusada de ter oferecido uma saída negociada antes de demitir uma ex-secretária do ministério, o que ela nega.

Além disso, o Ministério das Mulheres reforçou que Cida nunca deixou de atender outros ministros e que a articulação institucional com as demais pastas é fundamental, dada a transversalidade dos temas tratados. “Naturalmente, algumas pautas são mais complexas do que outras e demandam mais tempo, especialmente as que envolvem a articulação com entidades da sociedade civil e a relação com o Congresso Nacional”, destacou a nota.

A relação entre Cida Gonçalves e Janja é conhecida no governo, com a primeira-dama frequentemente elogiando publicamente a ministra. Recentemente, Janja indicou Maria Helena Guarezi, sua amiga, para o cargo de secretária-executiva do ministério, o que gerou discussões sobre a influência da primeira-dama nas decisões do governo.

O áudio que gerou polêmica está sob a guarda da CEP, que arquivou um conjunto de denúncias relacionadas à ministra. A situação levanta questões sobre a dinâmica de poder dentro do governo e a relação entre os ministros e a primeira-dama.

Por fim, a ministra Cida Gonçalves continua sob o olhar atento da Comissão de Ética, que analisa as gravações e as declarações feitas por ela, enquanto a administração de Lula enfrenta desafios em meio a um cenário político complexo.

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