Apesar de avanço, apenas 2,8% dos diplomados em medicina são negros, segundo o IBGE.
26 de Fevereiro de 2025 às 10h35

Dados do Censo 2022 revelam que 75% dos formados em medicina no Brasil são brancos

Apesar de avanço, apenas 2,8% dos diplomados em medicina são negros, segundo o IBGE.

Os dados mais recentes do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que 75% dos formados em medicina no Brasil são brancos. Em contrapartida, a presença de formados pretos na área é alarmantemente baixa, representando apenas 2,8% do total, enquanto os pardos somam 19,1% dos diplomados.

A pesquisa, que faz parte do Censo Demográfico, mostra que a desigualdade racial no acesso ao ensino superior persiste em diversas áreas. Em economia, a proporção de brancos entre os graduados é de 75,2%, enquanto apenas 3,9% são pretos. Na odontologia, 74,4% dos formados se autodeclaram brancos.

Em contraste, o curso de serviço social apresenta uma distribuição mais equilibrada, com 47,2% de brancos, 40,2% de pardos e 11,8% de pretos. Essa diferença acentua a disparidade racial no acesso a profissões de maior retorno econômico.

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Os dados do Censo 2022 também indicam que, ao longo de 22 anos, a proporção de pretos e pardos com ensino superior quintuplicou. Em 2000, apenas 2,1% da população preta e 2,4% da parda possuíam diploma de ensino superior. Em 2022, esses números aumentaram para 11,7% e 12,3%, respectivamente, enquanto entre os brancos o índice chegou a 25,8%.

Bruno Mandelli Perez, analista de divulgação do IBGE, atribui esse avanço a uma combinação de fatores, incluindo a expansão da rede pública de ensino e a implementação de políticas públicas voltadas para o financiamento e concessão de bolsas de estudo. Segundo ele, “a expansão da própria rede pública, inclusive em regiões do interior do Norte e Nordeste, que têm uma parcela maior da população preta e parda, contribuiu significativamente para esse cenário”.

A Lei de Cotas, sancionada em 2012, foi mencionada como um fator que influenciou o aumento de acesso ao ensino superior, embora não tenha sido o único responsável pelos números finais, já que a rede pública representa uma parcela minoritária na oferta de vagas.

Além disso, a pesquisa destaca que a população indígena apresenta o menor nível de instrução, com apenas 8,6% dos indígenas de 25 anos ou mais possuindo ensino superior completo. Mais da metade dessa população não tem instrução ou apenas o ensino fundamental incompleto.

O IBGE conclui que, embora o nível de instrução e a frequência escolar tenham avançado no Brasil nos últimos 22 anos, desigualdades regionais e raciais ainda são evidentes.

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