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Crescimento de nascimentos de gêmeos desafia queda nas taxas de natalidade global
Fatores como gravidez tardia e tratamentos de fertilidade impulsionam aumento de gêmeos até 2100
Embora as taxas de natalidade estejam em declínio em várias partes do mundo, o número de gêmeos e trigêmeos nascidos atualmente é o maior já registrado na história. Pesquisas indicam que esse fenômeno deve continuar a crescer nas próximas décadas, com previsões de aumento nas taxas de gemelaridade entre 2050 e 2100.
Os especialistas apontam que a combinação de fatores sociais, como a gravidez em idades mais avançadas e o uso crescente de tratamentos de fertilidade, são as principais razões para esse aumento. Historicamente, as taxas de gêmeos caíram à medida que as taxas gerais de natalidade diminuíam, mas essa tendência agora parece ter mudado.
Os nascimentos múltiplos, embora menos frequentes do que os nascimentos únicos, são uma parte natural da reprodução humana. Estima-se que cerca de uma em cada 60 gestações resulte em um nascimento múltiplo, que pode incluir gêmeos, trigêmeos e até sextuplos.
Os gêmeos podem se formar de duas maneiras: quando dois óvulos são fertilizados simultaneamente ou quando um óvulo fertilizado se divide em dois. Além disso, a hiperovulação, que ocorre quando mais de um óvulo é liberado durante o mesmo ciclo menstrual, também contribui para a ocorrência de gestações múltiplas. Este fenômeno é mais comum em mulheres mais velhas, devido a alterações hormonais que ocorrem na perimenopausa.
Dados recentes da Inglaterra e do País de Gales mostram que, para mulheres com menos de 20 anos, a proporção de nascimentos múltiplos é de um em cada 2.000, enquanto para aquelas entre 35 e 39 anos, esse número aumenta para um em cada 57.
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Uma pesquisa focada em países de baixa renda prevê que o aumento da idade materna será um fator crucial para a elevação das taxas de nascimentos múltiplos até 2100. Os autores da pesquisa ressaltam que essa tendência é impulsionada pelo aumento da idade das mães, que frequentemente optam por ter filhos mais tarde na vida.
Durante o baby boom das décadas de 1940 a 1960, a taxa de nascimentos múltiplos na Inglaterra e no País de Gales era de aproximadamente 12 a 13 por mil gestações. No entanto, com a crescente disponibilidade de métodos de planejamento familiar e as dificuldades econômicas das décadas de 1970 e 1980, houve uma queda no número de famílias numerosas, resultando em uma média de 2,4 filhos por família.
Nas décadas de 1990 e 2000, a taxa de nascimentos múltiplos começou a subir novamente, em parte devido ao aumento da idade média das mães e ao uso crescente de tratamentos de fertilidade. Nos primórdios desses tratamentos, era comum transferir mais de um embrião para aumentar as chances de sucesso, o que também elevou a probabilidade de gestações múltiplas.
As preocupações sobre o aumento de nascimentos múltiplos, especialmente em decorrência de tratamentos de fertilidade, levaram à implementação de campanhas como “One at a Time” (Um de cada vez), que promovem a transferência de apenas um embrião por vez. Atualmente, a taxa de nascimentos múltiplos resultantes de tratamentos de fertilidade no Reino Unido é de apenas 4%.
Apesar das dificuldades que podem acompanhar gestações múltiplas, como o aumento da taxa de natimortos e complicações neonatais, muitas famílias consideram a chegada de gêmeos ou trigêmeos como uma bênção. No entanto, é importante que as necessidades específicas dessas famílias sejam levadas em conta ao planejar cuidados maternos e infantis.
À medida que as taxas de natalidade continuam a cair em geral, a expectativa é que a proporção de nascimentos múltiplos aumente, refletindo uma mudança nas dinâmicas familiares e nas escolhas reprodutivas das mulheres.
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