Com a introdução de diversas estratégias de prevenção, o cuidado com o HIV se torna mais personalizado, mas enfrenta obstáculos para sua popularização.
01 de Fevereiro de 2025 às 12h50

Desafios e avanços na prevenção do HIV: uma nova era de cuidados

Com a introdução de diversas estratégias de prevenção, o cuidado com o HIV se torna mais personalizado, mas enfrenta obstáculos para sua popularização.

Nos últimos anos, a abordagem para a prevenção do HIV, o vírus causador da aids, evoluiu significativamente. A antiga ideia de que a camisinha era a única forma de proteção foi substituída por uma variedade de métodos que buscam atender às necessidades de diferentes públicos.

Entre as inovações, destaca-se a chamada "mandala da prevenção", adotada por várias entidades, incluindo o Ministério da Saúde. Este modelo reúne diversas estratégias, como o uso de preservativos, acesso a diagnósticos e tratamentos, e a prevenção da transmissão vertical, que é a passagem do HIV da mãe para o filho durante a gestação.

Além das medidas tradicionais, novas abordagens como os testes rápidos e as Profilaxias Prép (Pré-Exposição) e Pep (Pós-Exposição) têm sido amplamente discutidas. Especialistas acreditam que a mandala proporciona maior liberdade e personalização nas escolhas de prevenção, permitindo que cada indivíduo adapte as medidas à sua realidade.

No entanto, essa complexidade também gera preocupações. Muitos especialistas temem que o sistema se torne difícil de compreender para a população em geral, o que torna necessárias campanhas de educação e conscientização mais frequentes.

A evolução da prevenção do HIV pode ser dividida em quatro ondas, conforme o antropólogo Richard Parker, diretor-presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia). A primeira onda, no início da epidemia nos anos 1980, foi marcada pela falta de estratégias oficiais, levando comunidades afetadas a se organizarem para promover a prevenção.

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Na segunda onda, as campanhas oficiais mudaram o foco, tentando modificar comportamentos de risco, mas frequentemente utilizando mensagens de medo e culpa. A partir dos anos 1990, uma terceira onda trouxe à tona questões estruturais que colocavam as pessoas em risco, como desigualdades sociais e opressão de grupos vulneráveis.

A quarta onda, mais recente, introduziu a prevenção biomédica, com métodos de testagem rápida e medicamentos que reduzem o risco de infecção a quase zero. Essa mudança de paradigma culminou na criação da profilaxia combinada, que visa integrar diferentes métodos de prevenção.

No Brasil, a mandala da prevenção inclui nove estratégias principais, que vão desde o uso de preservativos até o tratamento de pessoas vivendo com HIV, testagem regular e imunização contra outras doenças. Especialistas ressaltam que a melhor forma de prevenção é aquela que o paciente se sente confortável em adotar.

Apesar dos avanços, a adoção das estratégias de prevenção ainda é desigual no Brasil. O acesso aos métodos preventivos não é homogêneo, e a conscientização sobre o HIV precisa ser ampliada, especialmente entre populações vulneráveis.

Uma das propostas em discussão é o fornecimento de máquinas dispensadoras de PrEP, PEP e autotestes de HIV, facilitando o acesso a essas ferramentas em locais de grande circulação. Essa iniciativa busca garantir que as pessoas não precisem ir a uma unidade de saúde para obter os métodos de prevenção.

Por fim, o futuro da prevenção do HIV parece promissor, com novas opções como a profilaxia de longa duração, que pode ser aplicada a cada seis meses, e a possibilidade de uma "vacina" contra a aids no horizonte. No entanto, especialistas alertam que é crucial manter a atenção e o investimento contínuo na prevenção, para evitar que a aids se torne uma doença negligenciada.

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