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Líderes europeus alertam sobre riscos de guerra comercial com os EUA
Autoridades da União Europeia destacam que tarifas de Trump podem prejudicar economias de ambos os lados do Atlântico.
BRUXELAS - Líderes europeus expressaram preocupação nesta segunda-feira (3) com a possibilidade de que a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de expandir tarifas sobre produtos da União Europeia, desencadeie uma guerra comercial que poderia causar danos econômicos significativos em ambos os lados do Atlântico.
A chefe de política externa da União Europeia, Kaja Kallas, enfatizou que, caso EUA e Europa entrem em um conflito comercial, “quem estaria rindo à toa seria a China”. Durante uma reunião informal de líderes da UE em Bruxelas, Kallas afirmou: “Estamos muito interligados. Precisamos da América, e a América também precisa de nós”.
Trump, em declarações feitas no domingo (2), alertou as 27 nações da União Europeia de que elas seriam as próximas a serem afetadas após sua decisão de impor tarifas abrangentes sobre o México, Canadá e China. “Com certeza isso acontecerá com a União Europeia. Posso dizer isso porque eles realmente se aproveitaram de nós”, disse o presidente americano, reiterando suas queixas sobre o déficit comercial.
O presidente dos EUA também criticou a falta de acesso ao mercado europeu, afirmando: “Eles não aceitam nossos carros, não aceitam nossos produtos agrícolas. Eles não levam quase nada e nós levamos tudo deles”.
O presidente da França, Emmanuel Macron, reagiu à situação afirmando que, se a Europa for alvo de tarifas comerciais, ela deve “se fazer respeitar” e responder adequadamente. “Se formos atacados em questões comerciais, a Europa, como uma potência firme, terá que se fazer respeitar e, portanto, reagir”, declarou Macron.
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O chanceler alemão, Olaf Scholz, adotou um tom mais cauteloso, pedindo que a União Europeia e os Estados Unidos trabalhem juntos para evitar um confronto. “Está claro que, como uma área econômica forte, podemos moldar nosso próprio futuro e reagir às políticas tarifárias, mas a perspectiva e o objetivo devem ser que as coisas resultem em cooperação”, enfatizou.
Scholz também alertou que tensões sobre tarifas comerciais seriam “ruins para os Estados Unidos e ruins para a Europa”.
Friedrich Merz, líder da oposição conservadora na Alemanha, advertiu que as tarifas podem ter consequências indesejadas. “Trump agora também perceberá que as tarifas que ele está impondo não terão de ser pagas por aqueles que importam para a América. Em vez disso, elas terão de ser pagas pelos consumidores na América”, afirmou Merz, que é cotado para se tornar o novo líder alemão após as eleições deste mês.
O presidente do banco central francês, François Villeroy de Galhau, classificou as tarifas de Trump como “muito brutais”, destacando que elas afetariam especialmente o setor automotivo. “Todos perdem com esse tipo de guerra comercial protecionista”, declarou ele à rádio France Info.
As ações das montadoras europeias caíram na segunda-feira, refletindo as preocupações sobre o impacto das tarifas e a possibilidade de uma escalada nas tensões comerciais.
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