O presidente americano critica pacotes de apoio a Kiev e busca acordo por recursos estratégicos.
04 de Fevereiro de 2025 às 04h02

Trump condiciona ajuda à Ucrânia à garantia de fornecimento de terras raras aos EUA

O presidente americano critica pacotes de apoio a Kiev e busca acordo por recursos estratégicos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta segunda-feira que está buscando um acordo com a Ucrânia que vincule o envio de ajuda, especialmente militar, a garantias para o fornecimento de terras raras e outros recursos. Durante uma coletiva na Casa Branca, Trump expressou sua insatisfação com os bilhões de dólares destinados a Kiev, sugerindo que a Ucrânia deveria oferecer algo em troca.

“Quero ter segurança para obter terras raras. Estamos investindo centenas de bilhões de dólares. Eles têm ótimas terras raras. E eu quero segurança para obter terras raras, e eles estão dispostos a fazer isso”, afirmou Trump. O presidente americano enfatizou a necessidade de um acordo que assegure o retorno do investimento feito pelos EUA em ajuda à Ucrânia.

As terras raras, citadas por Trump, são elementos químicos essenciais em diversas indústrias, incluindo a aeroespacial e a de alta tecnologia. A Ucrânia, antes da guerra, era uma das principais exportadoras europeias desses materiais e possui reservas significativas. Atualmente, estima-se que o país tenha cerca de 500 mil toneladas de lítio não exploradas, um mineral crucial para a produção de baterias de veículos elétricos e dispositivos eletrônicos.

Trump não detalhou como seria o acordo com a Ucrânia, mas sua insatisfação com o apoio militar a Kiev, que começou logo após a invasão russa há quase três anos, ficou evidente. Segundo o Conselho de Relações Internacionais, dos US$ 175 bilhões (aproximadamente R$ 1,01 trilhão) de ajuda autorizados pelo Congresso americano até setembro do ano passado, mais da metade, ou seja, US$ 106 bilhões (cerca de R$ 615 bilhões), foram destinados diretamente ao governo ucraniano.

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O presidente americano também criticou a quantidade de ajuda fornecida por países da União Europeia, sugerindo que os EUA têm contribuído de maneira desproporcional. “Estamos dizendo à Ucrânia que eles têm terras raras muito valiosas. Queremos que o que estamos oferecendo seja garantido em troca”, disse Trump.

O conflito na Ucrânia, que se aproxima de completar três anos, é uma das prioridades da administração Trump. Ele tem se posicionado como um potencial mediador, afirmando que conseguiria um acordo de paz em um curto espaço de tempo. Em declarações anteriores, Trump havia estipulado prazos de 24 horas e, posteriormente, de 100 dias para alcançar um cessar-fogo.

Recentemente, o enviado especial de Trump para a Ucrânia, Keith Kellogg, destacou que “os dois lados precisam ceder um pouco” para que as negociações avancem. Entretanto, a Ucrânia atualmente rejeita qualquer tipo de concessão territorial à Rússia e exige um caminho claro para sua adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Por outro lado, o presidente russo, Vladimir Putin, tem se mostrado relutante em dialogar diretamente com seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, a quem considera ilegítimo. Zelensky, cujo mandato presidencial formalmente terminou em maio do ano passado, permanece no cargo devido à lei marcial vigente na Ucrânia, que impede novas eleições.

A situação continua tensa, com a Rússia mantendo o controle de áreas significativas do território ucraniano. A busca por um acordo que encerre o conflito e a exploração dos recursos naturais do país se tornaram temas centrais nas discussões sobre o futuro da Ucrânia e suas relações com os Estados Unidos e a Rússia.

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