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Serviço Postal dos EUA suspende temporariamente encomendas da China e Hong Kong
A decisão impacta diretamente varejistas como Shein e Temu, que dependem do envio rápido de produtos.
O Serviço Postal dos Estados Unidos (USPS) anunciou nesta quarta-feira (5) a suspensão temporária do recebimento de encomendas provenientes da China e de Hong Kong. A medida ocorre após a decisão do presidente Donald Trump de encerrar uma cláusula comercial que permitia a isenção de impostos para pacotes de baixo valor, muito utilizada por varejistas como Shein e Temu.
A nova regra, que entrou em vigor imediatamente, afeta especialmente as encomendas com valor inferior a US$ 800, conhecidas como "minimis". Embora o USPS tenha garantido que o fluxo de cartas e correspondências não será afetado, a interrupção das entregas de pacotes pode elevar os preços dos produtos oferecidos por essas plataformas de e-commerce, que conquistaram uma significativa fatia do mercado americano.
As empresas Shein e Temu, que oferecem uma ampla gama de produtos, desde roupas a eletrônicos, representavam mais de 30% de todos os pacotes enviados diariamente aos Estados Unidos, conforme um relatório do Congresso americano publicado em junho de 2023. Ambas as plataformas cresceram rapidamente, em parte, devido à isenção de tarifas que agora foi revogada.
Além disso, a decisão de Trump foi acompanhada pela imposição de uma tarifa adicional de 10% sobre produtos chineses, que já está em vigor. Essa ação é parte de uma estratégia mais ampla para conter o fluxo de fentanil, um opioide sintético, que o governo americano alega estar sendo enviado da China.
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O impacto dessa medida pode ser profundo, já que muitos consumidores americanos que esperam por produtos de plataformas como Amazon, Shein e Temu podem enfrentar atrasos significativos nas entregas. Ram Ben Tzion, fundador da Ultra Information Solution, comentou: “Isso é enorme... As pessoas não têm como saber quando receberão seus pedidos.”
O USPS não forneceu detalhes sobre o tempo que a suspensão pode durar, mas analistas afirmam que a implementação das novas regras exigirá tempo para que o serviço postal se adapte às mudanças. Chelsey Tam, analista sênior da Morningstar, destacou que a verificação de pacotes pode ser um desafio, uma vez que em 2024 houve uma média de 4 milhões de pacotes de "minimis" recebidos diariamente.
Em resposta à ação dos EUA, o governo chinês expressou sua insatisfação, afirmando que a medida representa uma "repressão irracional" às empresas chinesas. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, pediu diálogo e negociações, ressaltando que a cooperação na aplicação da lei é fundamental para resolver a crise do fentanil.
A suspensão das encomendas pode forçar as empresas afetadas a buscar alternativas, como o uso de transportadoras privadas, o que pode resultar em custos logísticos mais altos. A Shein, que depende fortemente do USPS para suas operações de envio, pode ter que adaptar seu modelo de negócios para se manter competitiva.
O futuro das relações comerciais entre os EUA e a China continua incerto, com a possibilidade de novas tarifas e restrições sendo discutidas. A situação atual destaca a fragilidade das cadeias de suprimentos globais e como decisões políticas podem impactar diretamente o comércio internacional.
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