Decisão do USPS ocorre após imposição de tarifas adicionais pelo presidente Donald Trump, afetando comércio internacional.
05 de Fevereiro de 2025 às 08h07

Serviço Postal dos EUA suspende pacotes da China e Hong Kong após novas tarifas

Decisão do USPS ocorre após imposição de tarifas adicionais pelo presidente Donald Trump, afetando comércio internacional.

O Serviço Postal dos Estados Unidos (USPS) anunciou, nesta terça-feira (4), a suspensão temporária da aceitação de pacotes internacionais provenientes da China e de Hong Kong. A medida foi tomada logo após a imposição de novas tarifas pelo presidente Donald Trump, que afetam diretamente as importações chinesas.

A suspensão permanecerá em vigor “até novo aviso” e é uma consequência da ordem de Trump que estabelece uma tarifa adicional de 10% sobre as importações da China, além de eliminar a isenção de taxas para pacotes de baixo valor, conhecida como isenção "de minimis". Essa isenção permitia que produtos com valor inferior a US$ 800 entrassem nos Estados Unidos sem a necessidade de pagamento de tarifas ou inspeções.

O aumento das tarifas e a eliminação dessa isenção têm como objetivo combater o que a administração Trump considera práticas comerciais desleais por parte da China. O crescimento das vendas de varejistas online como Shein e Temu, que se beneficiavam dessa regra, foi um fator que motivou a mudança nas políticas comerciais.

De acordo com especialistas, a suspensão pode impactar significativamente o modelo de negócios dessas empresas, que dependem da rápida entrega de produtos a preços acessíveis. A analista sênior Chelsey Tam, da Morningstar, destacou que a USPS precisará de tempo para se adaptar às novas regras antes de permitir a entrada de pacotes chineses novamente. “Isso representa um desafio significativo, pois havia cerca de 4 milhões de pacotes de minimis por dia em 2024, e é difícil verificar todos os pacotes”, afirmou.

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Além disso, a decisão do USPS não afetará o fluxo de cartas e grandes envelopes, mas pode atrasar a entrega de milhões de pacotes que antes chegavam rapidamente ao país. A medida também levanta preocupações sobre a capacidade das autoridades de aduana em lidar com o aumento do volume de inspeções necessárias.

As reações da China a essas novas tarifas também são esperadas. Na mesma data, o governo chinês anunciou a imposição de tarifas adicionais sobre produtos americanos, incluindo 15% sobre carvão e gás natural liquefeito e 10% sobre petróleo e maquinário agrícola. Essas retaliações fazem parte de um ciclo de tensões comerciais que se intensificou nos últimos anos.

O impacto dessa suspensão pode ser sentido não apenas pelos varejistas, mas também pelos consumidores americanos que buscam produtos a preços acessíveis. A situação poderá resultar em um aumento nos preços de produtos que antes eram enviados sem taxas, afetando a competitividade das empresas que operam no setor de e-commerce.

Embora a USPS não tenha fornecido uma explicação detalhada para a suspensão, a medida está alinhada com a estratégia da administração Trump de reverter o déficit comercial com a China e proteger os interesses econômicos dos Estados Unidos. A expectativa é que as novas regras provoquem uma reavaliação das práticas de importação e comércio entre os dois países.

Enquanto isso, empresas como Shein e Temu estão explorando alternativas para mitigar os impactos da nova política, incluindo a busca por fornecedores fora da China e a abertura de centros de distribuição nos Estados Unidos. Contudo, a maioria de seus produtos ainda é fabricada na China, o que pode limitar sua capacidade de adaptação às novas regras.

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