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Serviço Postal dos EUA suspende pacotes da China e Hong Kong após novas tarifas
Decisão do USPS ocorre após imposição de tarifas adicionais pelo presidente Donald Trump, afetando comércio internacional.
O Serviço Postal dos Estados Unidos (USPS) anunciou, nesta terça-feira (4), a suspensão temporária da aceitação de pacotes internacionais provenientes da China e de Hong Kong. A medida foi tomada logo após a imposição de novas tarifas pelo presidente Donald Trump, que afetam diretamente as importações chinesas.
A suspensão permanecerá em vigor “até novo aviso” e é uma consequência da ordem de Trump que estabelece uma tarifa adicional de 10% sobre as importações da China, além de eliminar a isenção de taxas para pacotes de baixo valor, conhecida como isenção "de minimis". Essa isenção permitia que produtos com valor inferior a US$ 800 entrassem nos Estados Unidos sem a necessidade de pagamento de tarifas ou inspeções.
O aumento das tarifas e a eliminação dessa isenção têm como objetivo combater o que a administração Trump considera práticas comerciais desleais por parte da China. O crescimento das vendas de varejistas online como Shein e Temu, que se beneficiavam dessa regra, foi um fator que motivou a mudança nas políticas comerciais.
De acordo com especialistas, a suspensão pode impactar significativamente o modelo de negócios dessas empresas, que dependem da rápida entrega de produtos a preços acessíveis. A analista sênior Chelsey Tam, da Morningstar, destacou que a USPS precisará de tempo para se adaptar às novas regras antes de permitir a entrada de pacotes chineses novamente. “Isso representa um desafio significativo, pois havia cerca de 4 milhões de pacotes de minimis por dia em 2024, e é difícil verificar todos os pacotes”, afirmou.
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Além disso, a decisão do USPS não afetará o fluxo de cartas e grandes envelopes, mas pode atrasar a entrega de milhões de pacotes que antes chegavam rapidamente ao país. A medida também levanta preocupações sobre a capacidade das autoridades de aduana em lidar com o aumento do volume de inspeções necessárias.
As reações da China a essas novas tarifas também são esperadas. Na mesma data, o governo chinês anunciou a imposição de tarifas adicionais sobre produtos americanos, incluindo 15% sobre carvão e gás natural liquefeito e 10% sobre petróleo e maquinário agrícola. Essas retaliações fazem parte de um ciclo de tensões comerciais que se intensificou nos últimos anos.
O impacto dessa suspensão pode ser sentido não apenas pelos varejistas, mas também pelos consumidores americanos que buscam produtos a preços acessíveis. A situação poderá resultar em um aumento nos preços de produtos que antes eram enviados sem taxas, afetando a competitividade das empresas que operam no setor de e-commerce.
Embora a USPS não tenha fornecido uma explicação detalhada para a suspensão, a medida está alinhada com a estratégia da administração Trump de reverter o déficit comercial com a China e proteger os interesses econômicos dos Estados Unidos. A expectativa é que as novas regras provoquem uma reavaliação das práticas de importação e comércio entre os dois países.
Enquanto isso, empresas como Shein e Temu estão explorando alternativas para mitigar os impactos da nova política, incluindo a busca por fornecedores fora da China e a abertura de centros de distribuição nos Estados Unidos. Contudo, a maioria de seus produtos ainda é fabricada na China, o que pode limitar sua capacidade de adaptação às novas regras.
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