Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, sugere aumento no Bolsa Família, gerando reações no mercado e no governo.
08 de Fevereiro de 2025 às 10h47

Declaração de Wellington Dias sobre Bolsa Família provoca crise no governo

Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, sugere aumento no Bolsa Família, gerando reações no mercado e no governo.

Uma declaração do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, sobre a possibilidade de aumentar o valor do Bolsa Família devido à alta dos preços dos alimentos, desencadeou uma nova crise no governo. O episódio evidencia os frequentes desencontros na administração em relação à inflação alimentar, um tema sensível para a gestão atual.

Em uma entrevista concedida ao portal Deutsche Welle, Dias afirmou que tomaria “uma decisão dialogando com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva”. Ele questionou: “Será um ajuste? Será um complemento na alimentação?” e acrescentou que a revisão do valor do repasse “está na mesa”. O ministro também mencionou que estava preparando um relatório a ser apresentado a Lula até março.

Em resposta, a Casa Civil divulgou uma nota desautorizando Dias, afirmando que não existe estudo no governo sobre o aumento do Bolsa Família. Segundo a nota, o assunto não está na pauta do governo e não será discutido. “A Casa Civil da Presidência da República informa que não existe estudo no governo sobre aumento do valor do benefício do Bolsa Família”, diz o comunicado.

Apesar do desmentido, a fala de Dias não acalmou o mercado financeiro. As informações sobre a possibilidade de novas tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, a países parceiros, também contribuíram para a instabilidade. O dólar fechou em alta de 0,52%, cotado a R$ 5,79, enquanto o índice Ibovespa, principal indicador da Bolsa brasileira, caiu 1,25%, encerrando o dia aos 124.619,40 pontos.

“Ruído” na comunicação

Integrantes da equipe econômica se referiram à declaração de Dias como um “ruído” na comunicação do governo. Segundo técnicos do ministério, além da falta de espaço orçamentário, um aumento no Bolsa Família poderia agravar o cenário inflacionário. No Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) deste ano, ainda pendente de votação pelo Congresso, o governo reservou R$ 167,2 bilhões para o programa.

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Atualmente, o valor do Bolsa Família é de R$ 600, com a possibilidade de adicionais de R$ 150 por criança de até 6 anos, além de R$ 50 para gestantes, crianças e adolescentes entre 7 e 18 anos.

Medidas para conter a inflação

No final do mês passado, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, anunciou que o governo avaliaria a redução de tarifas de importação de alguns alimentos como uma forma de conter as remarcações de preços no país. Essa proposta, no entanto, foi recebida com críticas do setor do agronegócio e ceticismo por parte de especialistas.

A alta dos preços dos alimentos já afeta a popularidade de Lula, conforme pesquisa divulgada pela Genial/Quaest na semana passada, que revelou que oito em cada dez entrevistados perceberam o aumento nos preços da alimentação no último mês.

Na quinta-feira, 6, Lula mencionou a necessidade de um “processo educacional” para que os consumidores boicotassem produtos com preços elevados.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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