Relatório da PF revela suposto esquema de corrupção envolvendo parlamentares e ameaças a prefeitos no Maranhão.
09 de Fevereiro de 2025 às 09h24

Polícia Federal investiga esquema de venda de emendas por deputados no Maranhão

Relatório da PF revela suposto esquema de corrupção envolvendo parlamentares e ameaças a prefeitos no Maranhão.

A Polícia Federal (PF) está investigando um suposto esquema de venda de emendas parlamentares que envolve os deputados federais Josimar Maranhãzinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE), além de lobistas e um agiota. O esquema, que teria sido denunciado em 2020 pelo então prefeito de São José de Ribamar, Eudes Sampaio, exigia a devolução de 25% dos valores das emendas destinadas a obras na área da saúde.

Conforme o relatório da PF, a investigação começou após Sampaio relatar que estava sendo extorquido pelo grupo. Os parlamentares, segundo a PF, utilizavam a estrutura do governo para direcionar emendas para a cidade maranhense, enquanto ameaçavam o prefeito para garantir a devolução de parte dos recursos.

O agiota identificado como Josival Cavalcanti da Silva, conhecido como Pacovan, teria um papel central no esquema, emprestando dinheiro aos deputados e cobrando a devolução dos valores dos prefeitos. O relatório da PF destaca que o grupo utilizava ameaças com armas para coagir os gestores públicos a repassarem as quantias exigidas.

O esquema envolvia três emendas que, somadas, totalizam R$ 6,7 milhões. Deste montante, R$ 1,6 milhão teriam sido exigidos do prefeito como contrapartida pelo grupo criminoso. Os deputados são acusados de praticar crimes como peculato, extorsão e estelionato.

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O papel de cada membro do grupo foi detalhado pela PF. Josimar Maranhãzinho é apontado como o líder, utilizando suas habilidades para captar e desviar emendas. Pastor Gil e Bosco Costa também são mencionados como integrantes do núcleo político do esquema, desviando recursos de suas emendas e negociando com prefeitos.

João Batista Magalhães, conhecido como “braço técnico”, e Hilton Ferreira Neto, que publicava notícias em seu blog sob comando de Maranhãzinho, também estavam envolvidos. Os pagamentos eram realizados por gestores públicos, como prefeitos, que se viam pressionados a devolver parte das emendas.

Em um dos áudios obtidos pela PF, Pacovan é ouvido ameaçando o prefeito Eudes Sampaio, afirmando que outro político estaria reivindicando as emendas destinadas à saúde do município. Ele expressa sua frustração com a negativa do prefeito em realizar os pagamentos, revelando o grau de pressão exercido pelo grupo.

Após a denúncia, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou uma denúncia formal contra os deputados, que agora aguardam julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). A PGR destacou a existência de uma organização criminosa voltada para a compra de emendas parlamentares destinadas a ações de saúde nos municípios maranhenses.

O caso segue em investigação, com a PF reunindo provas e depoimentos para sustentar as acusações contra os parlamentares. O próximo passo será o julgamento da denúncia, que está agendado para o dia 25 de fevereiro, sob a relatoria do ministro Cristiano Zanin.

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