Comissão investiga pagamentos suspeitos a Luiz Henrique e propõe mudanças na legislação sobre manipulação de resultados esportivos.
11 de Fevereiro de 2025 às 07h29

CPI das Apostas pede indiciamento de três, incluindo tio de Paquetá e empresário

Comissão investiga pagamentos suspeitos a Luiz Henrique e propõe mudanças na legislação sobre manipulação de resultados esportivos.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas está prestes a apresentar seu relatório final, após 300 dias de investigações. O documento, que será apreciado nesta quarta-feira, recomenda o indiciamento de três indivíduos: Bruno Tolentino Coelho, tio do jogador Lucas Paquetá; William Pereira Rogatto, autodenominado 'rei do rebaixamento'; e Thiago Chambó Andrade, empresário acusado de financiar um esquema de manipulação em partidas de futebol.

Bruno Tolentino é acusado de ter realizado um pagamento de R$ 30 mil ao atacante Luiz Henrique, ex-jogador do Botafogo, enquanto este atuava pelo Real Betis, da Espanha. O valor teria sido transferido no dia 6 de fevereiro de 2023, poucos dias após Luiz Henrique ter recebido um cartão amarelo em uma partida da La Liga. A CPI obteve a quebra de sigilo bancário de Tolentino, confirmando a transação.

Luiz Henrique, que se destacou na última edição do Campeonato Brasileiro e atualmente joga pelo Zenit, da Rússia, foi um dos melhores jogadores da competição. O pagamento realizado por Tolentino levanta suspeitas sobre a integridade da competição e a possibilidade de manipulação de resultados.

Além do indiciamento de Tolentino, o relatório da CPI também aponta William Rogatto, que teria lucrado cerca de R$ 300 milhões com manipulações que resultaram em 42 rebaixamentos de clubes em todo o Brasil. Rogatto foi preso pela Interpol em novembro de 2024 e é investigado por sua atuação em um esquema que envolve manipulação de resultados.

O terceiro indiciado, Thiago Chambó, já está preso e foi investigado pela Operação Penalidade Máxima, que apura fraudes em competições esportivas. O relatório da CPI sugere que os indiciamentos se enquadram nos artigos 199 e 200 da Lei Geral do Esporte, que tratam de crimes contra resultados esportivos, além do artigo 99 do Código Penal, que prevê o acúmulo de penas em caso de múltiplas infrações.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

O relatório também propõe mudanças na legislação, sugerindo que a manipulação seja definida de forma mais ampla, incluindo não apenas resultados, mas também o número de cartões recebidos pelos jogadores. Além disso, recomenda-se que as penas para fraudes em competições sejam aumentadas de dois a seis anos para quatro a dez anos, especialmente se o acusado for um atleta.

Durante as investigações, a CPI analisou a movimentação financeira de Tolentino, que totalizou R$ 839.696,44 em 258 transações. O relatório destaca que esses valores são incompatíveis com o patrimônio declarado por ele à Receita Federal. Quando convocado para depor, Tolentino permaneceu em silêncio.

O relatório também menciona Bruno Lopez, que liderou o grupo investigado pela Penalidade Máxima e é dono da empresa BC Sport Management. Segundo o Ministério Público, o esquema movimentou cerca de R$ 1 milhão entre o segundo semestre de 2022 e a data da operação.

A CPI ainda discute a necessidade de avisos sobre os riscos de dependência e transtornos relacionados ao jogo patológico, sugerindo que as empresas de apostas sejam obrigadas a informar os consumidores sobre esses riscos. O relatório argumenta que, assim como outros produtos regulamentados, as apostas devem ter avisos claros sobre os perigos associados.

O indiciamento dos três acusados será encaminhado ao Ministério Público, que decidirá se dará prosseguimento à denúncia na Justiça. O relatório final da CPI será formalmente apresentado pelo senador Romário (PL-RJ) e deve ser votado na próxima quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025.

Veja também:

Tópicos: