Iniciativa visa alertar sobre riscos do serviço suspenso por ordem judicial
11 de Fevereiro de 2025 às 09h59

Campanha da Prefeitura de São Paulo destaca cadeirante contra mototáxi

Iniciativa visa alertar sobre riscos do serviço suspenso por ordem judicial

No último sábado (8), a Prefeitura de São Paulo lançou uma campanha publicitária que visa alertar a população sobre os riscos associados ao serviço de mototáxi, atualmente suspenso na capital paulista por determinação judicial. A iniciativa, liderada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), apresenta um cadeirante, ex-motoqueiro, que compartilha sua experiência após um grave acidente de trânsito.

Na peça publicitária, o cadeirante aparece assistindo a imagens impactantes de acidentes envolvendo motocicletas. Ele declara: “Por isso a Prefeitura não permite o mototáxi por aplicativo. Para não acontecer com você o que aconteceu comigo, ou até mesmo pior”. O vídeo foi amplamente divulgado nas redes sociais da administração municipal.

A controvérsia em torno do mototáxi começou quando a empresa 99 iniciou suas operações na cidade. Em resposta, a Prefeitura determinou a suspensão do serviço, alegando que a atividade era clandestina e que a Procuradoria Geral do Município (PGM) notificaria a empresa por irregularidades.

O prefeito Nunes chegou a afirmar que o serviço de mototáxi tem o potencial de criar uma “carnificina” no trânsito da cidade. Atualmente, a operação está suspensa por ordem judicial, enquanto a Câmara Municipal de São Paulo debate a regulamentação do serviço.

Na última sexta-feira (7), a Câmara realizou uma audiência pública que contou com a presença de representantes da Uber Brasil, da 99, além de mototaxistas e motoboys. O debate foi marcado por protestos de mototaxistas que criticaram a gestão de Nunes, chamando-o de “covarde”.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

Durante a audiência, o advogado Kauê Rangel apresentou uma proposta para a retomada dos serviços de mototáxi, a qual ainda precisa ser aprovada e, posteriormente, sancionada pelo prefeito. Caso a proposta seja aprovada, poderá ser necessário um decreto para sua implementação.

Desde o início da operação da 99, a Prefeitura tem intensificado as ações de fiscalização, resultando na apreensão de 307 motocicletas desde janeiro. Além disso, motoristas têm sido multados em até R$ 7 mil por infrações relacionadas ao transporte de passageiros em motocicletas.

A campanha da Prefeitura é parte de uma estratégia mais ampla para abordar as preocupações com a segurança viária na cidade, onde o número de mortes em acidentes de trânsito tem aumentado. No último ano, foram registradas 483 mortes, o maior número já documentado na história da cidade.

As empresas de mototáxi, por sua vez, contestam as alegações da Prefeitura, afirmando que a legislação federal e decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) garantem a legalidade de suas operações. A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), que representa as empresas do setor, argumenta que os dados utilizados pela Prefeitura são infundados e não refletem a realidade do serviço.

A Amobitec ressalta que os cerca de 800 mil motociclistas cadastrados nas principais plataformas representam apenas 2,3% da frota nacional de motocicletas. A associação também enfatiza que todos os motoristas associados possuem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e a documentação regular de seus veículos, contrastando com a alta taxa de motociclistas irregulares no Brasil.

A discussão sobre a regulamentação do mototáxi em São Paulo continua, com a expectativa de que novas audiências e debates ocorram nos próximos dias. A Prefeitura e as empresas do setor devem se reunir para buscar um consenso sobre a operação e a segurança do serviço.

Veja também:

Tópicos: