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Campanha da Prefeitura de São Paulo destaca cadeirante contra mototáxi
Iniciativa visa alertar sobre riscos do serviço suspenso por ordem judicial
No último sábado (8), a Prefeitura de São Paulo lançou uma campanha publicitária que visa alertar a população sobre os riscos associados ao serviço de mototáxi, atualmente suspenso na capital paulista por determinação judicial. A iniciativa, liderada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), apresenta um cadeirante, ex-motoqueiro, que compartilha sua experiência após um grave acidente de trânsito.
Na peça publicitária, o cadeirante aparece assistindo a imagens impactantes de acidentes envolvendo motocicletas. Ele declara: “Por isso a Prefeitura não permite o mototáxi por aplicativo. Para não acontecer com você o que aconteceu comigo, ou até mesmo pior”. O vídeo foi amplamente divulgado nas redes sociais da administração municipal.
A controvérsia em torno do mototáxi começou quando a empresa 99 iniciou suas operações na cidade. Em resposta, a Prefeitura determinou a suspensão do serviço, alegando que a atividade era clandestina e que a Procuradoria Geral do Município (PGM) notificaria a empresa por irregularidades.
O prefeito Nunes chegou a afirmar que o serviço de mototáxi tem o potencial de criar uma “carnificina” no trânsito da cidade. Atualmente, a operação está suspensa por ordem judicial, enquanto a Câmara Municipal de São Paulo debate a regulamentação do serviço.
Na última sexta-feira (7), a Câmara realizou uma audiência pública que contou com a presença de representantes da Uber Brasil, da 99, além de mototaxistas e motoboys. O debate foi marcado por protestos de mototaxistas que criticaram a gestão de Nunes, chamando-o de “covarde”.
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Durante a audiência, o advogado Kauê Rangel apresentou uma proposta para a retomada dos serviços de mototáxi, a qual ainda precisa ser aprovada e, posteriormente, sancionada pelo prefeito. Caso a proposta seja aprovada, poderá ser necessário um decreto para sua implementação.
Desde o início da operação da 99, a Prefeitura tem intensificado as ações de fiscalização, resultando na apreensão de 307 motocicletas desde janeiro. Além disso, motoristas têm sido multados em até R$ 7 mil por infrações relacionadas ao transporte de passageiros em motocicletas.
A campanha da Prefeitura é parte de uma estratégia mais ampla para abordar as preocupações com a segurança viária na cidade, onde o número de mortes em acidentes de trânsito tem aumentado. No último ano, foram registradas 483 mortes, o maior número já documentado na história da cidade.
As empresas de mototáxi, por sua vez, contestam as alegações da Prefeitura, afirmando que a legislação federal e decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) garantem a legalidade de suas operações. A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), que representa as empresas do setor, argumenta que os dados utilizados pela Prefeitura são infundados e não refletem a realidade do serviço.
A Amobitec ressalta que os cerca de 800 mil motociclistas cadastrados nas principais plataformas representam apenas 2,3% da frota nacional de motocicletas. A associação também enfatiza que todos os motoristas associados possuem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e a documentação regular de seus veículos, contrastando com a alta taxa de motociclistas irregulares no Brasil.
A discussão sobre a regulamentação do mototáxi em São Paulo continua, com a expectativa de que novas audiências e debates ocorram nos próximos dias. A Prefeitura e as empresas do setor devem se reunir para buscar um consenso sobre a operação e a segurança do serviço.
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